quarta-feira, 31 de março de 2010

Stranger Than Fiction

O meu filho ofereceu-me este filme há dias. Vi-o ontem à noite. É muitíssimo bom e interessa especialmente a quem escreve. Recomendo. Obrigada, filhote. Para visualizar, clique no "play", em baixo, à esquerda.

terça-feira, 30 de março de 2010

Chocolate

Os chocolates "Fin Carré" de leite, amêndoa e avelã custam 39 cêntimos no Lidl. Socorro, salvem-me, agarrem-me as mãos, fechem-me a boca. Assim não dá.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Puf

Tentei escrever três vezes, e por três vezes apaguei o que escrevi. Desisto...e apago-me. Puf. Acendo-me amanhã.

domingo, 28 de março de 2010

Desaparecida

No seguimento do último post, também eu andei quase uma semana desaparecida. Peço desculpa aos meus leitores, mas há fases assim, em que a vida se atravessa, sem me deixar tempo nem vontade para vir aqui. Tenho um curso de 6 sessões para preparar até ao dia 7 de Abril, intitulado "Escrevo o meu primeiro conto", vocacionado para escritores amadores e que irei dar na biblioteca de Mafra entre 28 de Maio e 2 de Julho; e deram-me até ao dia 15 de Abril para entregar a versão final do meu primeiro romance...falta-me ainda rever a terceira e última parte. O livro é grande...Depois há a vida, claro, o resto das coisas todas do costume. Ai.

terça-feira, 23 de março de 2010

Desaparecidos há 1 ano

O GASPAR e o BERNARDO, os dois cães mais amigos que eu já conheci, alegraram a nossa casa entre o inverno de 2006 e a primavera de 2009. Foi uma alegria intensa e breve que terminou há precisamente 1 ano, quando correram mata abaixo, como muitas vezes faziam, para regressarem minutos ou horas depois. Para nossa grande tristeza, quando partiram nesse dia, foi a última vez que os vimos.
Eram dois rafeiros: um de golden labrador, outro de rotweiller com serra da estrela. Andavam sempre juntos, como podem ver pelas fotografias.
A DORMIR...

OU ACORDADOS...


O GASPAR, o labrador, tinha um tique nervoso: às vezes roía as patas dianteiras até fazer ferida. Depois tinha de andar com aqueles abat-jours ridículos, para elas sararem. E adorava o calorzinho da lareira. Gostava de se pôr mesmo em frente dela, com a peitaça a ferver, assim:                                          
 

O BERNARDO, o castanho-escuro arruivado, tentava imitar-nos a falar, fazendo ruídos estranhos, tipo, UVAF! BEEH-BAH, até que um dia conseguiu dizer com a vogal bem aberta e a voz muito grossa: BAAB! Fartei-me de rir sozinha e tenho pena que mais ninguém tenha ouvido. Comia sempre deitado, com o prato entre as patas (mesmo quando já era adulto), assim:
E tinha a mania de atacar o canteiro e de enfiar as fuças na terra húmida, assim:
Éramos apaixonados por estes cães. Chorei durante semanas, e a primeira coisa que fazia ao acordar era ir directo à janela, na esperança de os encontrar ali, deitados junto ao portão azul. Mas tal nunca aconteceu. O passar dos meses foi dobrando o desgosto em pedacinhos cada vez mais pequenos, até que consegui guardá-lo num canto discreto e deixar de chorar a cada vez que pensava neles. Hoje faço apenas um sorriso triste e só espero que, onde quer que se encontrem, estejam bem, felizes e bem tratados. As saudades vão existir sempre e o Chico e o Gastão, que chegaram uns meses depois para nos consolar, são outros cães, com outra personalidade, outras manias, e outras formas de nos fazerem rir, desesperar ou alegrar-nos a casa. Por uns, pagam os outros. Estes não sabem o que é correr por essas matas fora, à caça de coelhos ou de uma cadela. Mas, se Deus quiser, hão-de andar connosco durante muito tempo ainda, sem um adeus tão prematuro como este foi.

A primeira vez em que o Gaspar e o Bernardo ficaram presos à corrente...

segunda-feira, 22 de março de 2010

Belíssimo

Venceram em Bolonha

Está a decorrer a "Bologna Children's Book Fair" e já foram divulgadas as obras vencedoras.

Na categora de FICÇÃO

Na categoria de NÃO-FICÇÃO

Na categoria de "OPERA PRIMA"
Para mais informações, vão aqui:
http://www.bookfair.bolognafiere.it/en/boragazziaward/vincitori

domingo, 21 de março de 2010

Livro do Desassossego I

Larguei a Anna Karénina ao fim de 150 páginas, para me entregar ao Pessoa. Teve de ser. Não consegui investir mais tempo em centenas de páginas de Tolstoi, com personagens cujas preocupações são os bailes, as festas, os pedidos formais de casamento, as roupas. No Livro do Desassossego, assim que leio um parágrafo, encontro frases que me enchem as medidas da mente e parecem explicar, por mim, os meus pensamentos.

"As coisas sonhadas só têm o lado de cá...não se lhes pode ver o outro lado...não se pode andar à roda delas...O mal das coisas da vida é que as podemos ir olhando por todos os lados...As coisas de sonho só têm o lado que vemos...Têm amores só puros como o nosso olhar."

"A vida só não nos persegue quando nos entregamos a ela."

"A arte de sonhar não é a arte de orientar os sonhos. Orientar é agir. O sonhador verdadeiro entrega-se a si próprio, deixa-se possuir por si próprio."

"Julga-te sempre mais triste e mais infeliz do que és. Isso não faz mal. É mesmo, por ilusão, um pouco escadas para o sonho."

"Abdicar da vida, para não abdicar de si próprio."

"Com este sonhar tanto, tudo na vida te fará sofreres mais. Será a tua cruz."

E não posso deixar de sorrir ao constatar que, no agir, podemos construir uma escada de acesso ao edifício dos nossos sonhos.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Emily Bear

Vejam os videos relacionados, especialmente aqueles em que Emily vai ao show da Ellen Degeneres. Maravilhosos.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Correio

Amanhã o Sr. António, o carteiro que recheia as caixas de correio desta terra, chegará, na sua mota, com um envelope em correio azul. Já traz ordens da junta de freguesia para não o enfiar à cão dentro da caixa, e para tocar à campaínha, para eu receber em mãos o que ele tem para mim: o meu primeiro contrato com uma editora. A oficialização de um novo ofício. O princípio formal de qualquer coisa que ainda está por escrever.
Sinto-me feliz como uma criança na manhã de Natal.
Roubei a foto no site de fotografia "Olhares". Autor: J.V.C.

terça-feira, 16 de março de 2010

Curso de Escrita Criativa

Estão abertas as inscrições para o curso de Escrita Criativa que a Patrícia Reis irá dar em Lisboa. O curso será no mês de Maio (duas vezes por semana, das 18.30 às 20.30) e terá apenas seis alunos. Aproveitem...
Ligar 21 842 98 20 e falar com a Ana Bento para mais informações.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Revisão da matéria

Revistos cerca de 140.000 caracteres. É feio quando as palavras começam a representar esse papel, como se as despisse de significado e encanto. Mas é urgente puxar-lhes o lustro, polir cada frase, perfumar cada letra com o aroma mais certo, até que não restem grandes dúvidas de que o nosso primeiro filho está pronto para o primeiro dia de escola. Irá ele ser bem tratado? Depois de sair do ninho quente, onde tem vivido, irá sobreviver no ambiente impiedoso e competitivo que o espera? 
Vou ficar junto ao portão, acenando-lhe de vez em quando. Vou permanecer atenta, escutando uma lágrima, os jogos de recreio, o riso, os primeiros amigos. Ansiosa, vou falar dele aos que por mim passam, com a ternura e o orgulho de quem o viu nascer. Espero não o envergonhar.

domingo, 14 de março de 2010

A dor e o músculo



Sempre belo. Tem um sabor a músculo dorido, a esforço e concentração, pois remete-me para os tempos de infância e adolescência e para os exercícios de ballet na barra, com o ponteiro da professora Gigui Calais. E estica...estica...fica...e volta...
Que saudades da inocência.

sábado, 13 de março de 2010

quinta-feira, 11 de março de 2010

Sonho suado

E como o sonho se transformou em projecto e o projecto em algo que poderemos tocar com as mãos lá para o outono, eis que interrompo a escrita de um novo livro de gaveta, para rever os cerca de quinhentos e quatro mil caracteres daquele que será o meu primeiro romance partilhado com os desejados leitores. Há suor que chega ao músculo e sonhos que se tornam em matéria viva. O meu suor irá tornar-se em folhas de papel vestidas com uma capa inspirada em imagens que eu guardara, há muito, na gaveta de outros sonhos e que agora os editores me pedem, a tentar cumprir o meu desejo. Só por isso vale a pena sonhar.
Roubei a imagem aqui:
http://tartaruginhafofy.wordpress.com/2008/05/20/sonhos/

quarta-feira, 10 de março de 2010

Escrevendo

Do livro em que estou a trabalhar

"Dissemos adeus. Sem perguntas nem incertezas. Sem perplexidade. E ainda assim, sem sairmos um do outro. Julgámos que era nesse dia que o faríamos, mas não, estávamos embutidos um no outro. Nada a fazer, senão esperar que a vida passasse. Dessa vez, foi o nosso amor que deixámos do lado de fora."

terça-feira, 9 de março de 2010

A Leya e os Anjos


Tenho de partilhar convosco este texto do Miguel Carvalho, que ilustra e denuncia uma realidade triste na vida dos livros em Portugal.


"O grupo Leya mandou destruir milhares de livros. Edições de Jorge de Sena, Eugénio de Andrade e outros foram na leva. Pelos vistos, é prática habitual da maioria das editoras, conforme nos esclareceu a Ministra da Cultura, vagamente escandalizada. Armazenar e distribuir tem custos – os custos, sempre eles – incomportáveis. E o Estado português, que continua a dispor de recursos para muitos negócios duvidosos e escorregadios, recusa-se, em nome do equilíbrio financeiro, a gastar papel…com papel.
Confesso: não sei onde está a novidade que o episódio encerra: políticos de capa mole e iletrados, obviamente não gastariam um euro a salvar livros. Nas suas biografias, não cabe índice nem prefácio. Nas suas manigâncias e esquemas são gente de título e contracapa e nem para enfeite de escritório servem.
Não são os únicos, note-se.
Uma resma de editores que por aí anda não destoa desta sinfonia da desgraça. Alguns, conheço-os bem: têm lombada de gente grande e esclarecida, mas tanto vendem livros como esticadores para os colarinhos. Ou a mãe, se preciso for. Reclamam-se, com orgulho e a desfaçatez dos livros que não leram, devedores e seguidores do negócio e do sacrossanto mercado, a única religião que conhecem. Com uns e outros, no Estado e nas empresas, está o livro bem servido.
Identificados os criminosos, passemos aos cúmplices.
Neste País de intelectuais serventes e por servir, poucos se levantaram ainda em nome da decência educativa e cultural de um País onde ler, estudar e reflectir ainda parece um comportamento desviante. É claro: não vamos agora começar a boicotar os livros da Leya e os seus autores. O facto de, por vezes, me zangar com o Público, não faz com que deixe de comprar atum no Continente, se é que me entendem. Eu, que não sou daqueles que consideram que só vale a pena entrar nas guerras ganhas à partida, admito que, neste caso, a luta até seria contraproducente. “Manifs” à porta da Leya não me convencem. Tal como deixar de ler o Mia Couto não me faria mais coerente.
Espera-se, contudo, uma palavra dos intelectuais de vários ramos – alguns bem famosos e de edições sucessivas. Miguel Esteves Cardoso já escolheu o seu lado da trincheira, caso raro. Mas há um ruidoso silêncio de outros, tão lestos e certeiros a zurzir os poderes públicos e privados por razões de interesse pessoal ou pé de página. Se esses não falarem em nome das escolas, das prisões, dos hospitais e bibliotecas onde os livros destruídos não tiveram sequer a oportunidade de criar hábitos, despertar sonhos e desbravar mundos, o País fica a saber, em definitivo, que estirpe de intelectuais acoberta. E aí, sim, quase apetece dizer: não os Leya!"

M.C.

(Artigo publicado na revista "VISÂO", 5 de Março)



domingo, 7 de março de 2010

Mia Couto

Fui Sabendo de Mim 
por aquilo que perdia

Pedaços que saíram de mim
Com o mistério de serem poucos
E valerem só quando os perdia

Fui ficando
Por umbrais
Aquém do passo
Que nunca ousei

Eu vi
A árvore morta
E soube que mentia

(Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas" )

sexta-feira, 5 de março de 2010

Qual chuva, qual quê, tenho o sol cá dentro.

Imagem: Girassóis de Van Gogh

quinta-feira, 4 de março de 2010

Mais perto

Sinto-me assim, mais perto do sonho, a sair da escuridão para me embrenhar num clarão de luz viva. Pequena na imensidão de outros sonhadores, enquanto estendo a minha mão minúscula. Agarrem-me, não me deixem cair.

Roubei a imagem daqui:
http://mauriciogularte.wordpress.com/author/mauriciogularte/

quarta-feira, 3 de março de 2010

Um punhado de água

Constato, com alguma irritação, que tenho de desligar da tomada o facebook e o correio electrónico, se quero trabalhar no meu novo livro. Decididamente, a escrita é um acto solitário. Se correspondo aos acenos de mão e aceno, eu também, aos que me vivem dentro do peito, o dia escorre-me pelos dedos, como um punhado de água.
Roubei a imagem daqui:
http://verseiro.blogspot.com/

terça-feira, 2 de março de 2010

Júlio Isidro

Chegámos ao Museu de Arte Popular pouco depois das nove. Junto ao bengaleiro, encontrámos os primeiros rostos familiares. Um jantar para duzentas pessoas, organizado e oferecido pela Câmara Municipal de Lisboa, para celebrar os cinquenta anos de carreira do Júlio. Champanhe francês à entrada e uma enchente de caras famosas: relanceei uns, cumprimentei outros, naquele ambiente esfusiante que provoca conversas aparadas, interrompidas, recomeçadas e interrompidas novamente. De um modo geral, todos mais gordos e mais velhos, incluindo eu, com certeza. Gente da televisão, rádio, música, artes plásticas, literatura, imprensa. A família também, claro, entre a qual a Sandra e as três filhas do apresentador, Inês do Carmo, Mariana e Francisca.
Ficámos na mesa “Regresso ao Passado” (programa da RTP onde me estreei como cantora de televisão, em 1989), mas preferimos falar do presente e do futuro. O ambiente era de boa disposição. Antes da sobremesa e do café, António Costa subiu ao palco, e anunciou o homenageado, que vinha discursar. O Júlio fez variadíssimas e boas piadas à sua idade, sempre com uma piscadela de olho aos tempos que ainda hão-de vir. Foi igual a si próprio e ainda bem:
- O local onde nos encontramos não podia ser mais adequado à ocasião: encontramo-nos no Museu de Arte Popular (risos na sala). E, aqui mesmo ao lado, não deixa de ser engraçado estar precisamente o Padrão dos Descobrimentos...
Fez-nos rir, enterneceu-nos, agradeceu a presença e a amizade de todos, fazendo-nos sentir importantes. Os agradecimentos foram muitos, pois muitos são já os anos de carreira. O Rui de Carvalho apareceu de repente, em pleno festejo do seu aniversário, e foi directo ao palco só para cumprimentar o Júlio. Logo depois, regressou para a sua própria festa. Do lado esquerdo do palco, um piano de cauda branco. O Herman sentou-se junto ao mesmo e decidiu homenagear o Júlio com o “Tony Silva”. O José Cid deu um ar de sua graça, mas logo desistiu, ao ver que várias cadeiras se erguiam para as idas aos lavabos e às sobremesas. Pareceu-lhe mal e foi sentar-se algo amuado. O Luís de Matos ofereceu-nos um truque de ilusionismo que meteu um lenço ao barulho e o João Balula Cyd tocou um pouco para o acompanhar. A festa foi esmorecendo. Afinal, já passava da meia-noite e no dia seguinte era preciso levantar cedo. Dei muitos beijos e abraços de olá e adeus: Paula Oliveira, Isabel Campelo, Rita Ferro, João Baião, Luís Represas, Carlos do Carmo, Adelaide Ferreira, Lena d’ Água, Herman José, Simone…
Na viagem de regresso ao campo, tive a sensação de ter andado numa espécie de carrossel. Cheguei a casa, pousei os acessórios, tirei os sapatos de salto alto, a boina preta de lantejoulas, a túnica Calvin Klein e a tela de pintura que estes encontros esperam de nós, mulheres. Guardei o glamour nas gavetas e armários e tornei a ser uma flor silvestre.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Parabéns ao blog

Faz hoje um ano que publiquei o primeiro post neste blog. Reproduzo-o aqui, feliz por verificar que, com a vossa ajuda, o mesmo excedeu em muito as minhas modestas expectativas. Obrigada a todos, pelas  6366 visitas. Sei que muitos me lêem apesar de não serem "seguidores oficiais" nem deixarem comentários, pois têm recorrido a outras formas de demonstrar o seu apoio. O retorno tem sido muito feliz. Espero continuar na vossa companhia e ser merecedora do entusiasmo, carinho e admiração que têm manifestado. Depois de reler o que escrevi há um ano, penso estar no bom caminho. É bom crescer junto de quem nos lê assim. Convosco tenho aprendido a inventar a minha própria voz. Saber que existe, desse lado, a curiosidade dos vossos rostos, mais ou menos visíveis, é o maior dos prémios. Têm a minha mais sincera gratidão.
Um obrigada maiúsculo ao meu filho Hugo, que é a maior das minhas certezas, a melhor das minhas verdades.

(1 Março 2009)
"Hoje, com a ajuda do meu filho, juntei-me ao mundo dos vivos: os bloggers. Escrever para a gaveta é bom. Escrever para os outros é diferente. Este canto servirá para dois dedos de conversa, um texto, um impulso ou desabafo, a sugestão de um livro, um filme, uma imagem, um poema. Inauguro estas páginas com um amanhecer que agarrei numa noite de insónia: esta é a visão diária que me dão as janelas da casa onde tenho a sorte de morar. Podia ser pior.
Ao Gugas: obrigada"