Há amigos que nos salvam vezes sem conta. Para junto de quem vimos partilhar o choro, o riso, uma celebração, um desabafo, uma frustração. E fica assim, uma dívida eterna, que não tem nome nem preço, nem prazo, nem perdão nem cobrança. São uma espécie de montanha, de chão, de farol, de braço que nos segura antes que caiamos no abismo dos pequenos nadas em que nos deixamos enredar. Trazem-nos à superfície e acendem em nós uma lamparina que nos permite continuar a caminhada, já de si frágil, em direcção aos nossos sonhos. Mesmo que saibam que o caminho percorrido, e a clareira que nos aguarda, se irão certamente traduzir ambos no despertar desses sonhos: com paciência e compreensão, nem por isso deixam de nos aconchegar a roupa ao corpo, de nos ajeitar a almofada sob a nuca, abandonando o quarto discretamente e deixando uma fresta de luz à saída, para que a inocência das nossas noites jamais se perca na escuridão.
E é assim que podemos viver um sonho, em vez de o sonharmos apenas.
Obrigada, P.
E é assim que podemos viver um sonho, em vez de o sonharmos apenas.
Obrigada, P.