domingo, 11 de setembro de 2016

Qualidade devida



Já lá vão 15 anos sobre um dia muito triste da história mundial e eu aqui, num dos recantos mais pacíficos do planeta, a viver um dia bom, com paz de sobra, que de bom grado cederia a quem precisa, uma fatia ou duas e ainda sobrava. 
A companhia dos cães, dos pássaros, das árvores, num dia que amanheceu cinzento e que abriu, a revelar-nos o azul que é seu, até anoitecer. 


Atravessei o pequeno pinhal até à casa dos vizinhos, que me ajudaram a concluir o presente para os 90 anos de idade da minha avó, segunda mulher do meu avô; depois de muito riso, muitos carinhos em dois dos quatro cães que estão sempre junto de nós, descemos ao pomar, à caça de figos maduros. 

Regresso com um envelope A4 e uma cesta de figos, além de um par de maçãs e de frascos com doce caseiro. 


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Telefono ao meu filho, só para saber, e sei que está bem. No final desta tarde perfeita sento-me sob a pérgula, entregue à leitura de algumas páginas de um livro de contos de Selma Lagerlöf: a lua já se recorta no manto celeste, um copo de vinho branco e a companhia dos meus próprios cães. 



Jantei uma coisa qualquer, que é o que as mulheres normalmente fazem na ausência dos homens, e sinto a gratidão de viver dias assim. A paz,  a amizade e a qualidade de vida, bens essenciais que não deveriam ser um privilégio de alguns mas algo ao alcance de todos. Precisamos de paz em cada canto.
Dedico este pequeno texto aos meus queridos amigos e vizinhos Bé e Zé Manel.

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