domingo, 18 de dezembro de 2016

Então e o blogue?

E o blogue, Vera? Não tens escrito nada no blogue... - Dizem-me.
É verdade. E o blogue? A culpa é do facebook e da página oficial, e dos gadgets com câmaras fantásticas, a cujas fotografias acrescentamos legendas que acabam por servir de mini-diários. Truques e partilhas que levam tudo.
Até que ponto faz sentido manter um blogue generalista nos dias de hoje?
Só para dizermos que temos um blogue? Será que acrescenta alguma coisa aos dias de alguém?
Pergunto-me.
Visitas: 133 341 - estagnado nas cento e trinta e tal mil há demasiado tempo, como a leitura de um livro que não avança, paralisada na mesma página, em desamor.
Talvez o ano novo sirva de pretexto para lhe restaurar a vida.
Talvez a mensagem de hoje seja já isso mesmo, um pedido de desculpas, a tentativa de lhe retirar a pó e as teias de aranha. E depois há umas poucas almas - muito poucas - que não têm conta no facebook.
São essas pessoas que me perguntam:
Então e o blogue?
Talvez precise de um desafio, um tema, um qualquer projecto, como a Julie que deu origem ao filme maravilhoso que revi pela enésima vez, "Julie & Julia".

sábado, 3 de dezembro de 2016

Adeus, Luísa

ASAS - de Maria Luísa Baptista
É no teu corpo que invento
Asas para o sofrimento
Que escorre do meu cansaço.
Só quem ama tem razão
Para entender a emoção
Que me dás no teu abraço.
Eu quero lançar raízes
E viver dias felizes
Na outra margem da vida.
Solta os cabelos ao vento,
Muda em riso esse lamento,
Apressemos a partida.
Aceita o meu desafio,
Embarca neste navio,
Rumo ao sonho e ao futuro.
Corta comigo as amarras
Que nos prendem como garras
A um passado tão duro.
Esquece o tempo e a dor,
Pensa só no nosso amor,
Vem, dá-me a tua mão.
Sobe comigo a encosta,
Porque quando a gente gosta
Ninguém cala o coração.
Despedimo-nos hoje da nossa querida amiga Maria Luísa, que gostava de escrever versos para fado, muitos dos quais ficaram muito bem entregues na voz da Katia Guerreiro, com quem tinha uma relação maternal e de grande amizade. Nunca esquecerei esse momento, a Katia junto do caixão, cantando Asas, mais uma vez, com uma voz que lhe nascia da dor. Adeus, querida Luísa. Um abraço forte ao nosso amigo João.