quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Big Band Júnior

O meu filho estuda no Conservatório Nacional de Lisboa há quatro anos. Há uma semana fez uma audição pra integrar a nova Big Band Júnior do Hot Clube de Portugal...e entrou, claro. E se este é o post de hoje, é óbvio, e nem seria necessário dizer, que estou a rebentar de orgulho de mãe. Parabéns, filho, toca...a dar o teu melhor, sim?
Obrigada, Manuela, pela fotografia.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Marés

Maré cheia, maré vazia, quarto minguante, crescente, lua nova, lua cheia. A nossa vida já vem assim, bem traçada na respiração das marés, nas metamorfoses desse corpo de mulher celeste, na dança regular e ilusória do sol. Somos nós que dançamos, inconcientes desse lento carrossel que nos altera o humor, que faz oscilar as nossas vontades, que nos deixa lúcidos ou embriagados, que nos adormece ou inspira, ao sabor das estações e dos elementos, da chuva, do nevoeiro, da tempestade, dos aguaceiros, dos dias iluminados, das tardes ardentes, das noites amenas do estio mais generoso.
Os dias que temos dentro são feitos de matéria celeste, tecidos na inconstância constante da lua, no vaivém das marés, na coreografia do girassol que habita o telhado imenso do mundo; e tão verdadeiro é o ditado que diz, Não há mal eterno nem bem que não esmoreça, como isto, de sermos estrelas minúsculas cintilando hoje, invisíveis amanhã, quando nos oculta o manto da noite num céu vestido de nuvens. Brilhando ou não, existimos sempre, mesmo como estrelas cadentes, decadentes, ou exaustas, porque um novo dia puxa o lustro ao nosso corpo e faz-nos brilhar outra vez.

Imagem: Nanã Sousa Dias

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

De corpo inteiro

Às vezes estamos certos de que um pedaço de nós partiu para sempre e conformamo-nos, reinventando os dias, reconstruindo essa parte de nós, como a lagartixa que vê crescer uma nova cauda.
E quando essa nossa costela regressa sem aviso e se instala dentro do peito, endireitamos o porte, olhamos em frente, respiramos fundo e sentimos que é chegado o tempo de reaprendermos a viver com o corpo inteiro.

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sábado, 25 de setembro de 2010

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

excertos iluminados

"Tentava encontrar a menina que foi nas crianças que encontrava, para entender finalmente o que sucedeu, o que se passava durante todos aqueles anos em que parecia que nada se passava, que sentia ela exactamente quando tentava com todo o cuidado registar os seus próprios sentimentos, que é que se torceu, que é que se partiu, que é que se secou para sempre na sua vida, porque estava convencida de que aí, nesse escuro enigma que pulsava como um relógio desengonçado no pátio de trás da sua memória, dormia uma resposta que nunca conseguiria decifrar totalmente, uma fórmula simples para odiar de uma vez, para poder amar as suas próprias recordações."
(ALMUDENA GRANDES", in "Os Ares Difíceis", pág.50, 1ª edição, 2008)

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

livros velhos

Em casa de uma vizinha, defronte a uma pilha de livros velhos sem destino, escolhi alguns, como criança numa loja de doces. Exemplares de editoras há muito desaparecidas, a meia dúzia de tostões, muitos deles de folhas ainda fechadas, o que me fez estrear um abre-cartas de marfim que tinha sobre a secretária, e a que nem me ocorria dar uso.
"A Rua Principal", de Sinclair Lewis
"História de Uma Rapariga", de D.H. Lawrence
"A Mão Esquerda de Deus", de William E. Barrett
"O Inverno do Nosso Descontentamento", de John Steinbeck
"Gog", de Giovanni Papini
"Balada do Café Triste", de Carson McCullers
"Cadernos de Poesia" de Vinicius de Moraes
"Contos de Mistério Escolhidos por Alfred Hitchcock"
"Onde a Noite se Acaba", de José Rodrigues Miguéis
"Histórias Maravilhosas", de Selma Lagerlof
Uma edição maravilhosa do "Conde de Monte Cristo", de Alexandre Dumas, repleta de ilustrações ao longo dos vários volumes...
..e muitos outros.
Ao ler "Os Filhos das Trevas", de Morris West, folheando as páginas amarelecidas por tantos invernos, torno a sentir o cheiro que me transporta à infância passada em Sesimbra: um aroma indefinido a humidade antiga e papel velho que tinham as minhas leituras de então: Condessa de Ségur, Mark Twain, Jack London, Jorge Amado...amados livros, que nos acompanham numa fidelidade canina, silenciosa, abrindo dentro de nós janelas para outros mundos, por vezes, até, percorrendo a nossa própria memória adormecida.

domingo, 19 de setembro de 2010

Segredos

"No essencial, um segredo é mais ou menos como a combinação de um cofre, embora não tenhamos conhecimento dela sabemos que se compõe de seis dígitos, que é possível até que se repita algum ou alguns deles, e que por muito numerosas que sejam as sequências possíveis, não são infinitas. Como em todas as coisas da vida é uma questão de tempo e de paciência, uma palavra aqui, outra palavra acolá, um subentendido, uma troca de olhares, um súbito silêncio, pequenas gretas dispersas que se vão abrindo no muro, a arte do devassador está em saber aproximá-las, em eliminar as arestas que as separam, chegará sempre o momento em que nos perguntaremos se o sonho, a ambição, a esperança secreta dos segredos não serão, afinal, a possibilidade, ainda que vaga, ainda que longínqua, de deixarem de o ser."
(Excerto de "A Caverna", de JOSÉ SARAMAGO)

sábado, 18 de setembro de 2010

Nostalgias

Hora do lanche: deitada sobre o tapete, com uma caneca de leite com chocolate e uma pilha de bolachas com doce, coladas aos pares. O mundo era justo, os finais sempre felizes. Que saudades da inconsciência.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Pequerruchos e mediuchos

Nesta semana de recomeço de aulas, dedico este video delicioso a todos os que têm/trabalham com/amam crianças, em especial as minhas queridas amigas Isabel Preto e Rute Alves e às suas princesas e príncipes. A letra segue abaixo.

Saiba: todo mundo foi neném
Einstein, Freud e Platão também
Hitler, Bush e Saddam Hussein
Quem tem grana e quem não tem

Saiba: todo mundo teve infância
Maomé já foi criança
Arquimedes, Buda, Galileu
e também você e eu

Saiba: todo o mundo teve medo
Mesmo que seja segredo
Nietzsche e Simone de Beauvoir
Fernandinho Beira-Mar

Saiba: todo mundo vai morrer
Presidente, general ou rei
Anglo-saxão ou muçulmano
Todo e qualquer ser humano

Saiba: todo mundo teve pai
Quem já foi e quem ainda vai
Lao-Tsé, Moisés, Ramsés, Pelé
Gandhi, Mike Tyson, Salomé

Saiba: todo mundo teve mãe
Índios, africanos e alemães
Nero, Che Guevara, Pinochet
e também eu e você

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Prémio

Rui Cardoso Martins recebeu o Grande Prémio de Romance e Novela da APE. Parabéns à Dom Quixote e aqui fica a sugestão.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

acrobacias

Nos últimos dias fui filha a tempo inteiro, enquanto recebi pai e mãe na minha casa. Hoje tornei a mim, pus de parte mil cuidados, regressei ao egoísmo de quem se dedica às suas próprias vontades.
Espero que as duas pessoas que me puseram no mundo tenham saído daqui como de um ninho acolhedor. Curiosa, esta troca de papéis que o tempo traz. Ainda me sinto um filhote de ave que a cada instante tenta demonstrar as lições que aprendeu, um passaroco desajeitado mostrando à mãe exigente as acrobacias aéreas, o zelo com que foi tecendo o ninho, o lugar que conquistou num dos ramos do bosque.
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domingo, 12 de setembro de 2010

Bom Domingo!

Que saudades da doce e despreocupada infância, quando davam a Pantera Cor-de-rosa aos Domingos à tarde...

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Merengue canino

Um pouco de boa disposição, neste dia de sol, com a semana prestes a terminar. Eu gosto é do ar feliz do cão, como se tivesse nascido para dançar o merengue... Obrigada, Bé, salvou-me o post do dia!

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

fim de tarde

Em frente a uma sopa de peixe, ela olhava aquele rasto de luz entornado sobre o mar. Do outro lado da mesa, de cabeça e olhos caídos, ele vasculhava os menus da nova máquina digital, pois como ela bem sabia, não iria descansar enquanto não controlasse por completo o novo brinquedo.
O sol ia descendo, transformando  os contornos daquela estrada de luz derramada sobre as águas. Veio meia garrafa de vinho branco. O nível do copo descia a par dos raios do sol, cada vez mais encarniçado e definido, à medida que se ia aproximando da linha do horizonte. Chegou um gato a miar, como quem diz, Não têm aí nada para mim? Ela desceu a tigela até ao chão e incitou-o a lamber os restos da sopa de peixe. Desconfiado, o bicho chegou-se devagar e acabou por se render, enfiando o focinho na tigela. A noite anunciava-se. O sol deitou-se no fundo do mar, o gato foi-se embora e na memória da máquina digital nada mais ficaram do que testes de luz, experiências, e descoberta de novas funções.
- Porque não lês o manual em casa? - perguntou ela - o sol fartou-se de esperar e foi-se embora, olha...
E assim era. O mar deixara de ser prata salpicada de ouro irrequieto e era agora um manto cinzento e tristonho, a preparar a escuridão. Ao longe, o gato lambia os beiços, satisfeito pelo petisco do fim da tarde que, sabiamente, não havia deixado escapar.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Uma porta


Às vezes as coisas feias do mundo são belas.
Caminhando ao fim da tarde, detive-me junto desta porta e quanto mais a olhava, mais me parecia  - não apenas uma porta coberta de ferrugem e encaixilhada em cimento - mas um quadro outonal, um pântano dourado, os girassóis de van Gogh, derretendo. Às vezes as coisas feias são belas dentro de nós.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

sapatinhos vermelhos

Há pessoas que parecem ter calçados os sapatinhos vermelhos de Hans Christian Andersen, irresistíveis e diabólicos, que não conseguem descalçar. Então dançam, dançam sem parar, até tombarem exaustos, vítimas da sua excessiva ambição e vaidade. Todos temos de calçar os nossos sapatinhos vermelhos de vez em quando e dançar, dançar sem parar, ao som do tambor, ao ritmo da valsa, até quase nos amputarem os pés, com fez o lenhador. É bom ter cuidado e não deixar que nos mutilem a alma, amputando-nos a paz, o tempo, a simplicidade das coisas puras. Dancemos sim, ao som da melodia privada e muda que cada um conhece como o rosto de um velho amigo; e quando o tambor chegar, vamos pegar nas baquetas e tocar ao ritmo que habita dentro de nós. Sapatinhos vermelhos feitos de trapos, mesmo que sem lustro, mesmo sem a cintilação evidente das coisas vistosas…mas serão os nossos sapatos e nós, os donos dos nossos passos.

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domingo, 5 de setembro de 2010

Ilusões e distorções

pois é, não admira que o nosso conceito de beleza ande tão distorcido e as mulheres andem cheias de complexos, frustrações e batalhas perdidas...

sábado, 4 de setembro de 2010

Crónica de António Lobo Antunes

Goste-se ou não se goste do homem em questão ou dos seus livros e opiniões, a verdade é que tem ideias próprias e lança bombas às quais dificilmente ficamos indiferentes. Algumas coisas que diz dão que pensar, desarrumam conceitos e ideias bem instaladas na certeza. Se concordamos ou não com o que diz e escreve, isso é connosco. É preciso pensar e digerir. E contra mim publico esta crónica, que vivo também de dar oficinas de Escrita Criativa, um trabalho que adoro realizar. Inimigos? Deve ter uns quantos. Isso significa que não anda a passar despercebido por esta vida. Não, o António não tem papas na língua e todos sabemos disso. Eis a interessante crónica que escreveu há dias:

"A cabeça de um escritor é um sítio inabitável, cheio de sombras negras que se devoram umas às outras, remorsos, fantasmas, dores, insignificâncias em que não reparamos e ele repara, sensações, luzes, criaturas sem nexo. Usam o papel para ordenar este caos, vertebrar o desespero, dar ao ilógico uma coerência lógica e mostrar o nosso retrato autêntico em cacos de espelho, fundos de poço trémulos, superfícies convexas em que temos de emagrecer por nossa conta. Não se pode estender a mão a quem lê, tem de se caminhar sozinho num nevoeiro aparente em que, a pouco e pouco, as coisas se arrumam nos seus lugares. Em nenhum bom livro há personagens e história: quando muito aparência de personagens e história, usadas para tornar mais clara a vertigem do que somos. Tudo se passa no interior do interior e portanto não devia haver cursos de escrita criativa

(um paradoxo nos termos)

mas de leitura criativa. Conheço menos bons escritores do que bons leitores, um bom leitor é uma espécie muito rara. Um autor do século dezanove dedicava os seus trabalhos aos felizes poucos, expressão roubada a Shakespeare

(we few, we happy few, we band of brothers)

capazes de nadarem ao seu lado em águas muito escuras e de regressarem à tona de mãos cheias. Um livro é mais uma orelha que uma voz onde, no fim de contas, é o bom leitor quem conversa. O livro escuta. As páginas são ouvidos pacientes que nos guiam através da liberdade do silêncio, onde as nossas frases se reflectem e regressam com um sentido novo. O bom leitor só recebe na medida em que dá e a qualidade da obra depende desta troca constante, do fluxo e refluxo das emoções partilhadas. Temos de ser um agente activo do livro, fazê-lo nosso até que se torne, como queria Rilke de quem não sou admirador, excepto em raras passagens das Elegias, sangue, olhar e gesto. Se não for assim é uma comédia de enganos, um passatempo inócuo como quase tudo o que em Portugal se impinge, porque a maior parte dos editores ou são ignorantes ou são vigaristas, oferecendo ao público pacotilha impressa: um bom editor, tal como um bom leitor, é mais raro que um bom livro. Uma editora comercialmente bem sucedida é má, ou então tem de fazer compromissos. A casa alemã onde estou, por exemplo, possui um catálogo honesto, dividido em duas partes, literatura e best-sellers. O argumento temos de pôr as pessoas a ler é idiota: o que temos é de ensinar as pessoas a ler. Até Lenine compreendia isto, ao afirmar que a arte não tem de descer ao povo, é o povo que tem de subir à arte. Claro que não é apenas um problema português, é um problema universal. Pasmo com as listas dos tops:

ficção, dizem elas, quando a ficção não existe a não ser nas obras rasteiras. Se me dissessem que escrevia ficção sentia-me insultado: ficção que tolice, é o mundo inteiro que a gente mete entre as capas de um livro.

Vende menos? Decerto, mas há-de vender sempre. Se tivermos lado a lado, à nossa frente, Camões e o jornal, a tendência imediata é pegar no jornal, mas o jornal desaparece amanhã e Camões fica. Chamo jornalismo, explicava Gide, ao que é menos interessante amanhã do que hoje. E depois a Arte não é um desporto de competição: o editor que ponha numa cinta, por exemplo, cem mil exemplares vendidos, ou julga falar de sabonetes ou não é um editor. Se o livro for bom há-de vender muito mais do que isso: quanto terá vendido Ovídio até hoje? É apenas uma questão de tempo, porque os bons leitores existirão sempre, ainda que poucos. O que me aborrece na Arte são os comerciantes que giram em volta dela, sem lhe tocar, porque tiram o seu alimento do efémero. Faz pouco comecei uma biblioteca na empresa onde estou.

Tolstoi foi o primeiro: ao receber o livro impresso reparei que as últimas três páginas eram propaganda a lixo. Como se pode, no fim de um livro de Tolstoi, fazer aquilo? Desonestidade? Ignorância? Não faço ideia de quem é o responsável mas devia ter sido fuzilado no berço: Tolstoi de mistura com livros de cozinha e ficções. Recomecei a colecção: até agora não repetiram a indignidade. Pergunta:

­Como vão os livros da biblioteca?

Resposta:

Pingam

e ainda bem que pingam. Se vendessem às grosas é que eu ficava alarmado. Os bons livros são para pingar eternidade fora: o Mondego começa gota a gota; a água suja basta virar o balde e encharca-nos. A água do balde acaba logo. O Mondego não tem princípio nem fim.

­Pingam:

e que maravilha pingarem. À força de pingarem hão-de engrossar irrestivelmente, enquanto os baldes se enferrujam, amolgados, num canto do jardim.

E o que interessa

(volto à Gide)

o amanhã? A gente vive no hoje, pá, o Horácio que se dane. Que se dane a Coroa, o que vale a pena são as coroas e essas já cá cantam. O problema é que, se alguma nova editora aborda a minha agência, não começa por falar em dinheiro: fala nos nomes do catálogo. Todos eles pingam. Mas dão prestígio a uma Casa. Respeito demasiado o meu trabalho para o deixar à venda numa loja dos trezentos."
(ANTÓNIO LOBO ANTUNES, IN revista VISÃO, 22 Agosto 2010)

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sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Chá

Especialmente para as minhas leitorAS, hoje tenho um jogo que me chegou através de uma amiga virtual, por quem tenho especial carinho, e que segue o meu blog desde que ele deu os primeiros passinhos.
Aqui vão as regras e as perguntas, com as minhas respectivas respostas. Depois de me lerem, façam o mesmo e espalhem entre os amigos "chazeiros", como um culto a esta bebida reconfortante, e para espreitarem novos blogs, de conteúdo variado, de gente boa que é um prazer conhecer.

1. Referir quem ofereceu o selo:
Isabel Preto, professora dedicada, com um blog absolutamente enternecedor. As suas filhas e os seus alunos são estrelas que a iluminam. Podem espreitar a sua página bem colorida aqui

2. Qual o teu chá preferido:
Earl Grey, claro! Só não o sabe quem não me conhece de todo...mas tem de ser de lata, à inglesa, e com um toque de leite.
Agora ofereceram-me um aromatizado com citrinos, hmm, cheira tão bem...! No Inverno, por vezes, gosto também de chá de maçã e canela, e também de Darjeeling, claro, mas o de eleição continua a ser o Earl Grey, com ou sem toque de citrinos. O cheiro e o sabor da bergamota são imbatíveis.
Acrescento que faço colecção de bules antigos e de latas de chá, uma mania que herdei da minha mãe: o prazer do chá e as colecções.
3. Quantas colheres de açúcar costumas usar?
Nenhuma! Mas confesso que adoço com duas pastilhas de sacarina...aspartame não, pois corre por aí que é uma substância cancerígena. Fica o conselho: se têm preocupações com a linha ou são diabéticas, procurem adoçantes à base de sacarina, e não de aspartame! Como não é fácil de encontrar, avanço que eu compro o da marca Huxol, no Continente.
À falta de adoçante, uso açúcar amarelo. Aos olhos da minha mãe, "não sou uma verdadeira apreciadora de chá". Desde a minha infância que, a cada vez que me vê pôr açucar ou pastilhas, que me diz o mesmo. Eu digo, Está bem, está bem, encolho os ombros e vou bebendo. Estranho paradoxo, não?

4. Passar o selo a seis pessoas.
Passo apenas a duas, pois muitas das pessoas que tenho em mente não têm blog. Ficam aqui os nomes de alguns familiares e amigos: a Maria João e o Pedro, a Isabel Matos, a avó Gegé, a minha mãe...e o meu filho Hugo, claro! Quem sai aos seus...

VOTOS DE BONS MOMENTOS DE PAUSA PARA TODOS, EM BOA COMPANHIA. PORQUE PARAR PODE SER UM PRAZER. UM BOM CHÁ É MEIO CAMINHO ANDADO.
Dedico este post à minha querida amiga Isabel Preto, claro.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

ombros e escombros

Há pessoas que são ombros. Não os têm apenas, como nós, que ruímos e que neles encostamos o nosso desespero. São pessoas todas feitas de ombro, um ombro imenso, que nos serve de almofada de gigantes ou deuses, para nela chorarmos a nossa indignação face ao mundo imundo.
Outras há que são sobretudo falência, obra inacabada, fracasso. O escombro, quando tudo desmaia em direcção à terra poeirenta.
Prefiro ser ombro a ser ruína, preciso de ser a mãe de braços infinitos e peito macio de planície, a ser o pássaro de asas feridas, de voo interropido pela poeira.
Não é fácil ser ombro, um ombro imenso, a dor de ser a mãe de mãos generosas é com certeza maior. Sofrer ou assitir ao sofrimento? O desencanto da certeza ou a angústia da dúvida? De que lado será melhor crescer?  Inconscientes na ruína, vamos ganhando corpo, subindo, subindo bem alto, até darmos conta de que também nós nos tornámos ombro, um ombro imenso, e que um inesperado bando de pássaros esvoaça à nossa volta, em busca de amparo.

Imagem: pormenor da "Pietà", de Michelangelo