segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Patrícia Reis

Dia 5 nas livrarias, o novo Mistério do Micas. É bom, está no Plano Nacional de Leitura e recomendo a pais, professores, tios, avós, padrinhos e miúdos que, como eu, sejam malucos como eu era, para gastarem a semanada ou a mesada em livros. O mistério, desta vez, é no Oceanário! Edição Planeta Júnior.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Houdini


O alívio não durou muito: dois dias depois de construída a vedação, o Chico encontrou novas formas de saltar o muro. De volta para a oficina, para vedar as partes mais altas...e tu, Chico, de volta para a corrente...

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Pedro Tamen


"Com minha mão puxo a linha
junto-lhe a boca a ajudar,
e já não sei qual mais minha:
se a boca se o meu puxar"

Pedro Tamen, tradutor e poeta, venceu o prémio Literário Correntes d'Escritas 2011, instituído pelo Casino da Póvoa do Varzim, com a obra “O livro do sapateiro” editado pela Dom Quixote.

"O júri, constituido pelo escritores Fernando Pinto do Amaral (director do Plano Nacional de Leitura), valter hugo mãe, Almeida Faria, o jornalista Carlos Vaz Marques, a directora da revista "Egoista", Patricia Reis, distinguiu a obra de Tamen, por entre outras nove a concurso.


Entre eles estavam “O viajante sem sono” do Padre Tolentino Mendonça editado pela Assirio e Alvim, “Guia de conceitos básicos” de Nuno Judice editado pela Dom Quixote; “A inexistência de Eva” de Filipa Leal da Deriva ou “Curso intensivo de jardinagem” de Margarida Ferra da editora E etc

O prémio das Correntes é atribuido um ano à prosa, outro ano à poesia. Em 2009, tinha sido distinguido o poeta Gastão Cruz com a obra “A moeda do tempo”.
"O anúncio deste ano foi feito por Patricia Reis que em vez de explicar as razões do juri, optou por simplesmente dizer que é uma “obra maravilhosa” e leu um dos poemas de “O livro do Sapateiro”."

Roubei este texto no blog da Rádio Renascença, aqui

Pedro Mário Alles Tamen nasceu a 1 de Dezembro de 1934, em Lisboa. É licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, foi director da Editora Moraes e administrador da Fundação Calouste Gulbenkian. Entre 1987 e 1990 foi presidente do PEN Clube Português."
 
Em entrevista à LER, disse:
 
“As relações humanas não são um rio pacífico e sereno.”

“Nós somos actores das nossas vidas e dialogamos com os actores que estão ao nosso lado mas nunca, até ao fim, é perfeitamente clara a relação que estabelecemos com os outros, com os comparsas, com os companheiros ou com as companheiras.”

“A gente nunca aprende nada. O que o tempo e a vida fizeram foi permitir-me experimentar essas dificuldades [de comunicação] e fazer-me reflectir sobre elas, senti-las na pelo e tentar ultrapassá-las.”

“Mesmo aqueles que a gente não pode definir como vaidosos descaem inevitavelmente para falar de si mesmos. As pessoas levam-se muito a sério.”

“Os poetas, no seu reduto próprio de poetas, não são tipos normais. Em princípio, o poeta é aquele que vê um bocadinho mais do que os outros. Ou que, pelo menos, é capaz de exprimir coisas que vê e que os outros, mesmo quando vêem, não são capazes de formular. Estou a falar tanto dos poetas como dos artistas em geral: músicos, pintores, etc. A poesia é, para mim, um permanente arranhar o mundo, com unhas na cal, para tentar encontrar coisas que se pressentem por detrás do branco uniforme do mundo e da vida.”

“As pessoas estão muito mais dispersas, cada vez tratam mais ou pensam mais em tratar das suas vidinhas.”

“Há um endeusamento de falsos valores.”
(in Revista LER, Círculo de Leitores, Fevereiro 2011, em entrevista dada a Carlos Vaz Marques)

Roubei as citações da entrevista aqui

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Eduardo Lourenço

Ontem à noite, em directo pela RTP, ao receber o Prémio Autor Nacional da SPA/RTP 2011, Eduardo Lourenço brindou-nos com um discurso maravilhoso, que só podia nascer de um espírito superior como o seu. Lembrou-me a prosa de Saramago, tecida palavra a palavra, morosamente, com as suas frases longas, onde cada vocábulo tem um destino perfeito. Começou por um silêncio que deixou a sala de pulmões cheios, em suspenso. Ninguém se atreveu a respirar antes que o pensamento de Eduardo fosse verbalizado. E quando, ao fim de generosos segundos, iniciou o seu discurso, foi como um néctar precioso, um hidromel vertido gota a gota, sem nunca perder o rumo ao que pretendia partilhar com todos nós, que o escutávamos com um imenso respeito.  Mostrou-nos, com aparente lentidão, a torrente de ideias que lhe habita o cérebro ainda ágil. Ensinou-nos que a pressa não tem qualquer sentido e que podemos ser donos do tempo. No fim, vi muitos olhos brilhantes, iluminados pela renda delicada que saía da sua boca, como um novelo prateado nas mãos de um deus.
Parabéns, querido Eduardo, por este prémio tão merecido. Estamos gratos pelos livros e entrevistas com os quais nos enriquece, e somos mais ricos por testemunhar os seus muitos ensaios para compreender o país em que vivemos, o mundo e o pensamento humano.

Roubei a imagem aqui

domingo, 20 de fevereiro de 2011

À Cristina e ao "Vinicius Vinho e Vícios"


TEMPO FELIZ

Feliz o tempo que passou, passou
Tempo tão cheio de recordações
Tantas canções ele deixou, deixou
Trazendo paz a tantos corações

Que sons mais lindos tinha pelo ar
Que alegria de viver
Ah, meu amor, que tristeza me dá
Vendo o dia querendo amanhecer

E ninguém cantar
Mas, meu bem
Deixa estar, tempo vai
Tempo vem
E quando um dia esse tempo voltar
Eu nem quero pensar no que vai ser
Até o sol raiar
(VINICIUS DE MORAES)

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Lendo...

"Uma pessoa sempre responde com a sua vida inteira às perguntas mais importantes. Não importa o que diz entretanto, com que palavras e argumentos se defende. No fim, no fim de tudo, com os factos da sua vida responde às perguntas que o mundo lhe dirigiu com tanta insistência (...) Quem és tu?... Que querias realmente?... Que sabias realmente?... A que foste fiel ou infiel?... A quê ou a quem mostraste ser corajoso ou cobarde? ... (...) O importante é que no fim, uma pessoa responde com toda a sua vida."
(SÁNDOR MÁRAI", in "As velas ardem até ao fim"

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Kseniya Siminova

Kseniya Simonova foi a vencedora da edição Ucraniana do Ukraina Got Talent. Fez uma animação da invasão da Alemanha na Ucrânia durante a Segunda Guerra Mundial, tendo usado os dedos e uma superfície com areia. São 8 minutos de arte em mãos juvenis, às quais não conseguimos ficar indiferentes. O efeito é simplesmente maravilhoso, como poderão ver. 

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Chuva

Nove horas da manhã. Instalada no sofá, lendo "As velas ardem até ao fim", de Sandór Marai, vejo a luz esmorecer, como se o relógio tivesse avançado várias horas e o tempo saltado para o fim da tarde. O ar tornou-se espesso, a página amarela, de papel antigo. A chuva abateu-se, aliviando o peso excessivo do céu, para devolver a luminosidade e a brancura ao papel. Entreabri a janela para sentir o cheiro da terra húmida. A tijoleira mais escura, as folhas verdes pingando, gota a gota, sobre os pés de plantas e flores enterrados em grãos cor de café. Torno a fechar a janela e regresso ao meu livro. O serra da estrela olha-me pela vidraça, arfando sem sentido, graças ao seu eterno casaco de pelo generoso, tricotado para paisagens feitas de neve. Sacode o corpanzil inteiro, de vez em quando, indiferente ao desconforto. Quer entrar, não para fugir da chuva, mas para se deitar aos meus pés, armado em bicho fiel. Não deixo. Está de castigo, como o sol, encerrado num quarto escuro feito de nuvens de antracite, que sufocam o seu calor. O musgo cresce, cobrindo a pedra, avançando sobre as ranhuras do muro. Tudo se transforma em água, tudo imerge sob a chuva sem fim, até que me sinto cavalo-marinho dentro da minha própria casa e avanço entre páginas feitas de algas e corais.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Rosário Alves


Pingos de Luar: É tão tarde que ainda é cedo

"Desperta-me um cansaço antigo
anterior ao parto das sombras por uma luz
ainda prenhe de noites

os passos que sinto mansos como algodão
são os da madrugada ainda umbilical

é hora de olhar em volta
de buscar na claridade insone
a consistência do andar

ergo-me
desequilibro-me
caio

aninho-me nas raízes descalças das árvores
onde o Inverno sempre me acolhe

volto a sentir o calor secular
e.terno da terra
a luz permanece irrepreensível no interior
humedecido das pálpebras

um pouco mais, penso
é tão tarde que ainda é cedo...

repouso as pestanas no rosto
com a luz apontada à alma
e adormeço os sentidos
...cinco."

(in blog "PINGOS DE LUAR", cujos poemas inéditos são da autoria de ROSÁRIO ALVES)

Casamento

"O casamento não são duas pessoas a olharem uma para a outra, são duas pessoas a olharem para o mesmo caminho."
Obrigada, P.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Henry James

Ao terminar "A Fé de um Escritor". de Joyce Carol Oates (muito bom), retomei a leitura de "Autor Autor", de David Lodge e estou a achá-lo maravilhoso. Ficamos a conhecer Henry James por dentro (e muito da vida dos seus contemporâneos). Concluímos que a vida literária é um abismo de emoções, incógnitas, frustrações, contradições, surpresas e reviravoltas. Uma angústia quase constante relativa à reacção do público e da crítica. Um poço de ansiedade quanto ao reconhecimento. Descobrimos, neste livro que ultrapassa a mera biografia romanceada de Henry James, o lado perfeitamente humano do escritor que, afinal, sofria com as mesmas angústias que nós, que sentimos necessidade de escrever e ansiamos por retirar os nossos textos da gaveta e expôr o lado mais sincero, para que gostem de nós.
Não basta talento ou ser-se genial como o autor d' "A fera na selva", cujo alerta passamos a compreender, depois de ler esta biografia. É preciso trabalhar muitíssimo. Estarmos dispostos a fazer, refazer, cortar, virar do avesso e, sobretudo, esperar. Esperar muito tempo...e não esperar grande coisa.
Valerá a pena?
Claro que sim, se escrever for uma necessidade. O resto, será o inevitável.
No fim, só Deus e o tempo saberão o que o autor irá colher da sua obra e se esta ficará na memória dos leitores de gerações futuras. Afinal, as interrogações têm também o seu lado criativo e sedutor. E se o escritor se interroga quando escreve, procurando respostas, a sede do leitor e o que procura quando lê permanecerá para sempre um mistério.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Becoming Jane

Vi-o esta tarde, pela primeira vez. O filme deu-me tudo o que eu esperava: a reprodução da época, as mansões maravilhosas, as paisagens, os costumes e décors e, claro, uma visão mais íntima da mulher que foi Jane Austen, antes de se tornar numa grande escritora.
Continuo uma romântica sem remédio.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Ana Laíns

Conheci a Ana ontem, a horas tardias, numa actuação expontânea num bar em Sintra, entre amigos. Fiquei rendida: à simpatia, à atitude, e sobretudo à musicalidade e afinação impressionantes. À  VOZ. Já tem dois discos de fado gravados e eu nunca tinha ouvido falar dela. Algo falhou. Este video dá uma amostra do que vi e ouvi ontem da sua figura e da sua voz. Quando cantou o refrão: "Ó gente da minha terra / Agora é que eu percebi..." deixou-me arrepiada e de lágrimas nos olhos, coisa que não é fácil. Não imita ninguém e dá tudo o que tem quando canta. Obrigada, Ana, pelos momentos de emoção que nos proporcionaste ontem. Desejo-te o maior sucesso: bem que mereces.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Augusto Brázio

Milhares de fotografias de Augusto Brázio para construir este teledisco de David Fonseca, realizado por ambos: "Hold Still", com Rita Redshoes. (2005) Sim, é lamechas e a lamechice (às vezes) é como o que é Nacional: o que é lamechas é bom.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Ser feliz ou ter razão?

(INÍCIO DE CITAÇÃO)
"Oito da noite, numa avenida movimentada. O casal já está atrasado
para jantar na casa de uns amigos. O endereço é novo e ela consultou no mapa antes de sair. Ele conduz o carro. Ela orienta e pede para que vire, na próxima rua, à esquerda. Ele tem certeza de que é à direita. Discutem. Percebendo que além de atrasados, poderiam ficar mal-humorados, ela deixa que ele decida. Ele vira à direita e percebe, então, que estava errado.
Embora com dificuldade, admite que insistiu no caminho errado,  enquanto faz o retorno. Ela sorri e diz que não há nenhum problema se chegarem alguns minutos atrasados.
Mas ele ainda quer saber:
- Se tinhas tanta certeza de que eu estava indo pelo caminho errado, devias ter insistido um pouco mais...
E ela diz:
- Entre ter razão e ser feliz, prefiro ser feliz. Estávamos à beira de uma discussão, se eu insistisse mais, teríamos estragado a noite!
MORAL DA HISTÓRIA
Esta pequena história foi contada por uma empresária, durante uma
palestra sobre simplicidade no mundo do trabalho. Ela usou a cena para ilustrar quanta energia nós gastamos apenas para demonstrar que temos razão, independentemente, de tê-la ou não. Desde que ouvi esta história, tenho me perguntado com mais freqüência: 'Quero ser feliz ou ter razão?"
Outro pensamento parecido, diz o seguinte: "Nunca se justifique; os amigos não precisam e os inimigos não acreditam".
(FIM DE CITAÇÃO)
Obrigada, Rute.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Adeus, John Barry

O compositor John Barry, conhecido pela banda sonora de todos os filmes do Agente 007, deixou-nos. Autor da música de "Midnight Cowboy", ou de "Danças com Lobos", foi, a meu ver, no filme "Out of Africa" ("África Minha") que se mostrou mais inspirado. A sua música diz tudo.

Parabéns, Isabel! :-D

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