quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Pedro Tamen


"Com minha mão puxo a linha
junto-lhe a boca a ajudar,
e já não sei qual mais minha:
se a boca se o meu puxar"

Pedro Tamen, tradutor e poeta, venceu o prémio Literário Correntes d'Escritas 2011, instituído pelo Casino da Póvoa do Varzim, com a obra “O livro do sapateiro” editado pela Dom Quixote.

"O júri, constituido pelo escritores Fernando Pinto do Amaral (director do Plano Nacional de Leitura), valter hugo mãe, Almeida Faria, o jornalista Carlos Vaz Marques, a directora da revista "Egoista", Patricia Reis, distinguiu a obra de Tamen, por entre outras nove a concurso.


Entre eles estavam “O viajante sem sono” do Padre Tolentino Mendonça editado pela Assirio e Alvim, “Guia de conceitos básicos” de Nuno Judice editado pela Dom Quixote; “A inexistência de Eva” de Filipa Leal da Deriva ou “Curso intensivo de jardinagem” de Margarida Ferra da editora E etc

O prémio das Correntes é atribuido um ano à prosa, outro ano à poesia. Em 2009, tinha sido distinguido o poeta Gastão Cruz com a obra “A moeda do tempo”.
"O anúncio deste ano foi feito por Patricia Reis que em vez de explicar as razões do juri, optou por simplesmente dizer que é uma “obra maravilhosa” e leu um dos poemas de “O livro do Sapateiro”."

Roubei este texto no blog da Rádio Renascença, aqui

Pedro Mário Alles Tamen nasceu a 1 de Dezembro de 1934, em Lisboa. É licenciado em Direito pela Universidade de Lisboa, foi director da Editora Moraes e administrador da Fundação Calouste Gulbenkian. Entre 1987 e 1990 foi presidente do PEN Clube Português."
 
Em entrevista à LER, disse:
 
“As relações humanas não são um rio pacífico e sereno.”

“Nós somos actores das nossas vidas e dialogamos com os actores que estão ao nosso lado mas nunca, até ao fim, é perfeitamente clara a relação que estabelecemos com os outros, com os comparsas, com os companheiros ou com as companheiras.”

“A gente nunca aprende nada. O que o tempo e a vida fizeram foi permitir-me experimentar essas dificuldades [de comunicação] e fazer-me reflectir sobre elas, senti-las na pelo e tentar ultrapassá-las.”

“Mesmo aqueles que a gente não pode definir como vaidosos descaem inevitavelmente para falar de si mesmos. As pessoas levam-se muito a sério.”

“Os poetas, no seu reduto próprio de poetas, não são tipos normais. Em princípio, o poeta é aquele que vê um bocadinho mais do que os outros. Ou que, pelo menos, é capaz de exprimir coisas que vê e que os outros, mesmo quando vêem, não são capazes de formular. Estou a falar tanto dos poetas como dos artistas em geral: músicos, pintores, etc. A poesia é, para mim, um permanente arranhar o mundo, com unhas na cal, para tentar encontrar coisas que se pressentem por detrás do branco uniforme do mundo e da vida.”

“As pessoas estão muito mais dispersas, cada vez tratam mais ou pensam mais em tratar das suas vidinhas.”

“Há um endeusamento de falsos valores.”
(in Revista LER, Círculo de Leitores, Fevereiro 2011, em entrevista dada a Carlos Vaz Marques)

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