Hoje acordei assim, com sonhos nos bolsos, e saíu isto.
Adormeço com a lua
Num pijama de algodão
Tenho bolsos junto às coxas
Junto ao peito, o coração
Neles trago, quando acordo
Asas de anjo, girassóis
Trago sonhos, bebo as ervas
Que abarco nos lençóis
Tenho as mãos cheias de vento
Que seguro num abraço
Quando passo pelos ramos
Navegando uma árvore
Qual navio, um mar, um mastro
Não me acordem, não me aterrem
Lancem o meu corpo ao mar
Que eu mergulho e navego
Ponho a alma a velejar
Lá, onde a escuridão se esconde,
Abismo de água, concha branca
Em silêncios intocáveis
Moram sonhos de criança
E dos bolsos de um pijama
Tiram grãos de areia azul
Sustentam a raiz do mar
Criam pérolas de luz
(VERA DE VILHENA)
Nos bolsos da criança existe a confiança dos sonhos. Porque não regressar à infância e recuperar réstias de poeira que por lá ficaram esquecidas e encher os bolsos, hoje maiores, onde as raízes nos permitem voos contra o vento?
ResponderEliminarÉ isso, querido Pas(ç)sos. Caminhamos juntos, na cumplicidade das palavras, nos passos dos nossos versos. É bom senti-lo tão perto, constatar que anda por aí, a ler-me, a ler-nos. Boas leituras, boa escrita, boa sorte.
ResponderEliminarPalavras usadas de forma brilhante, como sempre. Beijinhos querida!
ResponderEliminarNão sei se serão brilhantes, mas pelo menos tiveram luz suficiente para eu os conseguir encontrar na escuridão, já não foi mau. Beijos, amiga, obrigada!
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