quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Jardim

Cá ando a semear, como zeloso jardineiro. Desenvolvendo as raízes de novas amizades, de outros rumos, arrancando ervas daninhas, protegendo das intempéries as minhas flores. De vez em quando há uma folha verde que irrompe, tímida, e eu fico feliz por vê-la encher-me de esperança. Tenho pétalas que decidem soltar-se, à revelia, e que preferem deixar-se tombar no solo, antes que os meus olhos possam admirar-lhes o esplendor. Uma espécie de suicídio vegetal, de desistência antes da luta, de cobardia. Nesses dias, cheia de vergonha, varro a esperança para debaixo do tapete e ergo uma taça de amargura. O tempo vai entornando a sua terra sobre mim e chega o dia em que a luz regressa, antes que o tempo me consiga sepultar. É então que sacudo a terra dos ombros e levanto o tapete, à procura da esperança que desprezei.
Dedico este post ao Rogério Bueno de Matos, à Maria, ao Possidónio Cachapa e aos amigos mais recentes. De uma forma ou de outra, somos todos jardineiros.

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