O corpo escorre, a verter água por todos os poros. Procuro desesperadamente um leque. Encontro-o, enfim. Parto em busca de um segundo, juro que o tenho. Na mira, uma oferta para amanhã, à minha colega de feira, mas fico-me pela intenção, que o segundo não me aparece. Lavo um chapéu, a tirar-lhe a poeira. Não esquecer. Não esquecer de o levar comigo. Talvez até um borrifador com água. estou por tudo, o dia abrasa e amanhã Lisboa, uma vertigem de livros pelo meio da miragem, ondas de fogo a distorcer a imagem que os olhos vêem. Começo a escrever depois das sete, antes disso a cabeça não obedece, amuada com os 36º graus sobre a pele e no ar que respiro. Quer ficar de molho, a mente, em água fresca, mas o corpo desde manhã que anda para cá e para lá, teimando em não se render.
Amanhã é dia de feira, o último, e a minha primeira vez com a poesia, no lugar da ficção. Confesso-me só, pregada num título, a fingir a dor de um exílio que deveras sinto. A tarde inteira em apelos, venham, apareçam, e o desconcerto de implorar tanto, quando aos outros dou tão pouco, fechada neste paraíso tornado prisão. Fora do Mundo.
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