Um Deus Desconhecido escutou as minhas preces de ontem, que eram sem fé. Pousou-me na areia, no dia seguinte, para que eu pudesse recordar a rebentação das ondas, o aroma das algas, os reflexos infinitos de sol no mar, debaixo do corpo uma toalha verde-água, nas mãos o livro de Steinbeck, ao meu lado o homem que partilha a minha vida, quando ambos nos cruzamos no mesmo universo de vontades, no mesmo tempo, no mesmo lugar.
Um fim de tarde perfeito, quando o vento já arrepiava a pele: ameijoas à Bulhão Pato e um vinho branco alentejano, na companhia de amigos que, em boa hora, encontrámos, antes de entrar na marisqueira cujos donos tratamos por "tu", apesar de o ritmo de visitas e de consumo ficar muito aquém daquele que seria desejado.
Há dias que são uma espécie de salvação, por mais modestos. Um passo atrás no precipício de uma não-vida.
Hoje vivi.
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