A escrever sem pensar no que tenho para dizer, receio descobrir-me seca, nada existir digno de dizer. Avoluma-se uma não-vida, que me esvazia, a calar todas as letras. Fico à espera que algo aconteça e nada, é uma paragem cardíaca nos dedos, a paralisia do pensamento, o desalento levou a luz inteira e na penumbra não consigo caminhar sem cair. Deixo que os dedos dancem no teclado, é um cliché, um cliché, fugiram-me as palavras mais húmidas, tudo o que tenho chega-me aos dedos desidratado.
Agosto a um terço, os outros, que vivem, a banhos, e eu em seco, só a água insossa e o vinho, o café e o chá, o sumo, sem onda nem espuma, sem barcos nem velas, sem algas ou o piar das gaivotas nem nada, sem braçada nem sol, da esperança, o queixume. Mais um Verão desperdiçado. Vida sem vida, só o suspiro que traz a miragem da beira-mar, onde não estou.
Sem comentários:
Enviar um comentário