Um silêncio sem luz. Uma escuridão que é minha. Voluntária. Os meses deste ano, pela metade, no condão espesso de me encontrarem muda. Só em pensamento as palavras migram, sem a mínima intenção de pousar. Quanto maior a dor, mais implode e fere, resistindo a diluir-se na melhor receita que aprendi. A liquidez da escrita, a corrente de uma narrativa inventada, para fugir noutros mundos. Noutras vidas. Tento recordar a mim mesma que importa. Que importa? Não. Não. Afasto os jogos linguísticos, o cinismo, a amargura da indiferença. Pelo que me lembro, a escrita é terapia. Está visto, não sinto a urgência de me salvar, talvez queira sofrer tudo o que me é devido, sem batota, guardando os dedos. As palavras de mãos atadas. Apertem bem, não vá a dor fugir.
Leio, releio e reescrevo o que não é meu. O meu trabalho: os textos dos outros. Todos os dias. Dezenas de horas a cada semana, os meses passam e nada de mim. Então e eu? Já me posso mexer daqui? Libertar-me?
Desatei hoje os primeiros nós, as palavras ainda entorpecidas, dormentes, o que me salva sem circular como devia.
Para quando, de novo, o sangue a correr-me nas veias?
Leio, releio e reescrevo o que não é meu. O meu trabalho: os textos dos outros. Todos os dias. Dezenas de horas a cada semana, os meses passam e nada de mim. Então e eu? Já me posso mexer daqui? Libertar-me?
Desatei hoje os primeiros nós, as palavras ainda entorpecidas, dormentes, o que me salva sem circular como devia.
Para quando, de novo, o sangue a correr-me nas veias?
Sem comentários:
Enviar um comentário