© Nanã Sousa Dias |
De
olhos cerrados, o frio lambendo-me a pele
Escuto
apenas o som sibilino do vento
na
carta derramei um socorro, aliado
O
milhafre prendeu as minhas lágrimas
Em
garras furtivas, na plumagem negra de negro destino
como
a flor de Oscar Wilde, o rouxinol
oferece
o tom escarlate à rosa injuriada
No
peito guardo a esperança vestida
Com
o adejar da minha ave
a
folha nívea embalada nas asas
sombrias
de um amigo alado
com
mil cuidados
se
ergue no abismo do meu recolhimento
Quanto
tempo terei de aguardar?
O
azul que me envolve o peito é cortina de gaze
um
véu sobre o outro e outro
e
outro ainda
tal
como a noite se veste de mil véus até se entrevar
O
recorte do horizonte é linha serena
desde
pequena que o vejo crescer
Flutuando
no desejo, neblina de tantas auroras
e
só agora me tento salvar.
O
milhafre descola, enfim!
É
tempo de espera. É tempo de esperança.
A
brisa levanta os meus suspiros, feitos de asas e orações.(© VERA DE VILHENA, poemas inéditos)
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