segunda-feira, 13 de outubro de 2014

O teu silêncio

O teu silêncio

Uma taça onde cabem todas as palavras
que não dizes.
Nela guardas a muda censura,
A dizer o pardo infinito,
Pleno de abstracta incerteza
Tanta, que não cabe na minha mão.

De repente, falas,
E cospes e gritas.
E na tua voz se quebra
o consolo do mutismo
Onde tudo podia ser, 
Até as palavras mais doces.

E o silêncio, que era pardacento,
A abreviar as nossas mágoas,
Sem nome nem lembrança,
É agora raiva escarlate,
Embutida nos teus vocábulos.

Foi-se o silêncio.

E quando regressa

é tarde:

Na taça de ambos

Apenas cabe o arrependimento.

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