A bolacha de cimento manchada de água que fotografei da varanda (e que, vista assim, dá a ilusão do próprio nome da casa) ficou esta semana para sempre encoberta - não por uma nuvem - mas pela piscina que já tardava - é agora uma lua encoberta por uma pesada nuvem em estado líquido. Escrevi-lhe uma pequena ode:
"Ilusão de piscina"
É ilusão de uma piscina
Nesta casa sem terreno
Não é longa nem é fina
Mas pretende ser piscina
Neste lugar tão sereno.
Oito faces de madeira
Dão-lhe forma arredondada
Nada de saltos, balanços
Temos que andar bem mansos
P'ra não a ver desarmada!
Várias formas há de vê-la
Do orgulho ao preconceito
Estamos contentes por tê-la
'Inda que ao entrarmos nela
Nos dê água pelo peito...
O melhor é ir embora
Se o desejo é nadar
No máximo, duas braçadas
Em movimentos contrários
Sem sairmos do lugar.
Temos salas, temos quartos
E uma enorme cozinha
Mas quando o calor aperta
A visita é mais que certa
À ilusão da piscina.
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