A chuva fechou-me em casa e atirou-me para o forno e para os textos. Duas doses de biscoitos, revisão de novos capítulos que não são meus. Andamos todos a rever os ainda-não-livros uns dos outros. Revendo-nos nos outros, fazendo a revisão da matéria alheia, como loucos irresponsáveis ou pequenos deuses atrevidos arregaçando as mangas e metendo mãos na massa; sem conhecer a receita, sem balança nem medida, num ofício subjectivo como a descoberta e degustação de um sabor novo, misterioso. Como uma festa solitária sem convidados. Cozinheiros sem avental, armados com o nosso chapéu de pasteleiros, tentando não queimar mais uma fornada de palavras. Letras enfarinhadas, frases untadas com manteiga, bolinhas douradas de páginas que mastigamos com prazer, enquanto a lua se estende no céu com um sorriso matreiro e cúmplice como o gato de Alice.
A amizade sabe-me a biscoito.
Escuto aromas, calco parágrafos, amasso ideias, e já a minha boca se adoça na expectativa de mais uma refeição honrada, na promessa do consolo de todos os meus sentidos. Guloso, o espírito brinda-me com uma chávena de Earl Grey com citrinos, aquecendo-me a alma enevoada e deixando-me no coração o doce perfume da bergamota.
Os convidados, leitores destes futuros livros, bebedores de todas as histórias sãs e loucas, estão para chegar a qualquer momento.
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Os convidados, leitores destes futuros livros, bebedores de todas as histórias sãs e loucas, estão para chegar a qualquer momento.
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gostei da escrita!
ResponderEliminarbom texto
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