terça-feira, 22 de maio de 2012

Livros

As leituras têm os seus caprichos. Emprestaram-me uma pilha de livros. E eu, como pessoa respeitadora da propriedade alheia, gosto de dar prioridade aos que não me pertencem, para os devolver assim que possível. 
Entretanto, caem-me outros no colo, tal como acontece a qualquer pessoa que ama livros: os que recebemos no Natal, nos anos e afins, emprestados por outras pessoas que nos dizem, Não leste?! TENS de ler, leva!, os que não conseguimos deixar de comprar, os livros novos e autografados de autores portugueses e até, no meu caso, alguns em 2ª mão que me foram oferecidos por uma amiga de S. Paulo e que me chegaram por avião, através do meu marido :) são de Guimarães Rosa, João Ubaldo Ribeiro e Rubem Fonseca, em edições que não se encontram por cá.
Mas como dizia, tenho de dar prioridade aos primeiros, certo?
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Quem disse?! 
É terrível. Eles, os livros, portam-se mal e não respeitam nada.
Chego a abandonar leituras pela metade, mais de cem páginas lidas, porque outros parecem emitir um som agudo, uma espécie de ganido, uma mistura de desamparo e sedução. E simplesmente não consigo concentrar-me. E tal como o Gastão que, ao ver-me comer uma bolacha, pão ou uma banana (sim, tenho um serra da estrela que descobriu que gosta de banana), fica de focinho pousado na mesa, de sobrolho erguido e testa enrugada, a olhar para mim e para o meu alimento, alternadamente, e outro remédio não tenho senão exclamar:
- ESTÁ BEM, GANHASTE! ANDA CÁ!

1 comentário:

  1. Muito bem, Vera! É assim mesmo... Eles são uns aliciadores poderosos e temos mesmo de ceder...
    O que me dói é saber que uma vida inteira não bastaria para dar cabo de todos os livros que temos de ler... e reler!!!

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