Ontem, depois de um pequeno almoço tardio, estreei uma chávena natalícia com café bem forte e fui caminhar. O lugar onde moro é assim, como o desta imagem, a estrada de Dezembro por onde caminho encontra-se orlada de azedas vindas da chuva, a paisagem clorofilina está salpicada de casinhotas e flores silvestres. Os caixotes de lixo quase não têm cheiro, ficaram hoje apinhados de caixas e papeis de embrulho festivos, pontas lustrosas de laçarotes penduradas, como que despedindo-se da festa. Passo por modestos rebanhos de automóveis junto às casas anfitriãs, por gente encostada à ombreira das portas, que ainda me deseja "boas festas!", consolada com a noite da Consoada, a dar continuação ao festim da noite anterior. Adivinho as decorações da época, as travessas compostas com as sobras, mais um prato de cabrito ou de bacalhau a estrear, os fornos ainda quentes, os bolos e tortas, as fatias douradas e filhoses já frias, a toalha de renda com nódoas de vinho tinto e de licores.
Na estrada, o silêncio. Conto apenas cinco automóveis, que passam por mim mansamente, com o ronronar dos seus motores. Caminho acompanhada pelo Sting e a Orquestra Filarmónica de Berlim, o álbum "Symphonicities". Ao som de "When We Dance", escuto um galo que canta preguiçoso à minha passagem, a mostrar serviço. Nem os cães ladram, com a indolência da ressaca. Como realizadores, os meus olhos redescobrem a paisagem, confortados pela ternura do sol. A orquestra nos meus ouvidos, generosa em instrumentos de corda e percussão, trompas, flautas e oboés soprando em surdina, transforma-se na banda sonora deste meu filme campestre, que poderia ter acontecido num palmo de terra irlandesa, como o da avó paterna de Sting.
Na estrada, o silêncio. Conto apenas cinco automóveis, que passam por mim mansamente, com o ronronar dos seus motores. Caminho acompanhada pelo Sting e a Orquestra Filarmónica de Berlim, o álbum "Symphonicities". Ao som de "When We Dance", escuto um galo que canta preguiçoso à minha passagem, a mostrar serviço. Nem os cães ladram, com a indolência da ressaca. Como realizadores, os meus olhos redescobrem a paisagem, confortados pela ternura do sol. A orquestra nos meus ouvidos, generosa em instrumentos de corda e percussão, trompas, flautas e oboés soprando em surdina, transforma-se na banda sonora deste meu filme campestre, que poderia ter acontecido num palmo de terra irlandesa, como o da avó paterna de Sting.
Chego a casa em sintomia perfeita escutando "The Pirate's Bride", o tema que encerra o álbum.
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