terça-feira, 16 de dezembro de 2014

David Lodge

Já li várias obras de David Lodge, um dos meus escritores preferidos. «A Vida em Surdina» só veio confirmar a impressão que tinha. Esta é uma história apresentada de forma inteligente, divertida, desconcertante, por vezes e, no que respeita à relação de Desmond Bates, o protagonista, com o pai (de contornos bastante autobiográficos, como o próprio admite na nota de autor) comovente, em especial no fim. Tânia Ganho está de parabéns, como tradutora, sendo que este livro, em particular, deve ter constituído um desafio, a par com a diversão por criar equivalências em português, para dar resposta aos muitos trocadilhos. O tema da surdez e o constrangimento que pode provocar a nível social, e não só, vieram ao encontro de situações com as quais eu mesma me tenho deparado, a par dos meus problemas de visão. A vida académica como pano de fundo, um dos cenários em que se desennrola a acção, é já tema recorrente nas obras de David Lodge, compreensivelmente, já que o autor, doutorado na Universidade de Birmingham, leccionou Literatura Moderna Inglesa até 1987, até optar por se reformar antes do tempo previsto, para se dedicar em exclusivo à escrita. E ainda bem para nós que o fez, pois a sua carreira é admirável e os seus livros um prazr para os leitores que apreciam também, como eu, um tipo de escrita moderno, que surpreende.
 
Sinopse
 «Quando decide pedir a reforma antecipada, o professor universitário Desmond Bates nunca pensou vir a sentir saudades da azáfama das aulas. A verdade é que a monotonia do dia-a-dia não o satisfaz. Para tal contribui também o facto de a carreira da sua mulher, Winifred, ir de vento em popa, reduzindo o papel de Desmond ao de mero acompanhante e dono de casa. Mas o que o aborrece verdadeiramente é a sua crescente perda de audição, fonte constante de atrito doméstico e constrangimento social. Desmond apercebe-se de que, na imaginação das pessoas, a surdez é cómica, enquanto a cegueira é trágica, mas para o surdo é tudo menos uma brincadeira. Contudo, vai ser a sua surdez que o levará a envolver-se, inadvertidamente, com uma jovem cujo comportamento imprevisível e irresponsável ameaça desestabilizar por completo a sua vida.»
Para mais informação, espreitem a crítica do New York Times

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