A vida fazendo-se em torno do corpo, limbo e malabarismo, labirinto de gotas químicas, a roubar à memória atenções que são puro desperdício do que é maior e aguarda. Que sendo tão pouco me faz respirar.
Horários, contagens, gotículas e substancias, a minimizar o desconforto e o meu desconsolo de os ver reinventando-se. A chantagem da dor. O corpo vencendo a batalha; o espírito em apatia, tornando-se rancor, na vertigem sem queda nem terra onde pousar a sua embaciada luz, bafejada pelo cansaço, invisível sem transparência. Intangível porque nada.
A vida em (sala de) espera, os ossos arrastando-se na mesma estrada, quilometrando os passos em corredores indistintos. Os olhos de mãos em mãos que examinam, a avaliar a resposta do corpo, que nada entende, não quer entender este jogo: é preciso somar mais um dia, à soma de muitos dias. Porque sim. Porque não. Apenas a incerteza dá sinais de confirmar-se num novo dia, em falsa esperança, data escorrendo como concha de água, na minha mão sedenta.
A culpa é um fugitivo ocultado nas sombras. O castigo é uma invenção dos deuses e há homens semideuses e semáforos, e homens seminus e semínimos, que pouco ou nada podem senão cumprir, passo a passo.
E a culpa dentro de mim, por culpa desta minha invisibilidade. Não fosse o desespero, quase apetecia rir, dar uma palmada nas costas do destino, amigo devasso que há décadas me vai devassando e me tem debaixo de olho. Mas permaneço de olhos postos no chão. Há muito perdi o meu olhar. Semiferida que ando, grito pelo olhar de um semideus, ainda que morto.
Horários, contagens, gotículas e substancias, a minimizar o desconforto e o meu desconsolo de os ver reinventando-se. A chantagem da dor. O corpo vencendo a batalha; o espírito em apatia, tornando-se rancor, na vertigem sem queda nem terra onde pousar a sua embaciada luz, bafejada pelo cansaço, invisível sem transparência. Intangível porque nada.
A vida em (sala de) espera, os ossos arrastando-se na mesma estrada, quilometrando os passos em corredores indistintos. Os olhos de mãos em mãos que examinam, a avaliar a resposta do corpo, que nada entende, não quer entender este jogo: é preciso somar mais um dia, à soma de muitos dias. Porque sim. Porque não. Apenas a incerteza dá sinais de confirmar-se num novo dia, em falsa esperança, data escorrendo como concha de água, na minha mão sedenta.
A culpa é um fugitivo ocultado nas sombras. O castigo é uma invenção dos deuses e há homens semideuses e semáforos, e homens seminus e semínimos, que pouco ou nada podem senão cumprir, passo a passo.
E a culpa dentro de mim, por culpa desta minha invisibilidade. Não fosse o desespero, quase apetecia rir, dar uma palmada nas costas do destino, amigo devasso que há décadas me vai devassando e me tem debaixo de olho. Mas permaneço de olhos postos no chão. Há muito perdi o meu olhar. Semiferida que ando, grito pelo olhar de um semideus, ainda que morto.
Adorei ler-te...não adorei a tua 'invisibilidade. Até para manifestares a tua 'invisibilidade'...o fazes com um misto de tristeza...e de suavidade...são as tuas palavras que me dão esta leitura... o teu olhar vai voltar!
ResponderEliminar:-(
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