Sonhou que se deixava cair ali, uma rede de circo adiando a sua morte. Um trapézio costurado em calda de açúcar. A chuva interminável dos últimos dias bordara em cada fio um colar de pérolas. Operária de oito patas, bailarina cumprindo a coreografia ensinada a tantas gerações, era nas noites de um luar tímido, em fundos embaciados de azul-mar-alto, que a aranha gostava de tecer, a salvar os sonhadores. Naquele remate, uma gota em diamante de frágil equilíbrio, como bola de sabão ou pingente de cristal, suspendia o fio da realidade. Ao tombar no solo, alguém acordará, enredado em ilusões.
Sem comentários:
Enviar um comentário