quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Enganos

© Nanã Sousa Dias

Entre o ser e o parecer anda o que nem tudo é. Os olhos vêem o que um coração sente, iludido, enquanto a mente traz aos ouvidos crentes a mentira das tentações. O cenário quer-se perfeito, o céu vai cheio de promessas e até uma pequena nuvem, no lugar certo, jura ser o que os nossos olhos querem ver. A nuvem passa e o comboio abraça os carris com o peso da realidade. Esfuma-se a névoa e no céu azul permanece a respiração, suspensa, em busca de uma outra nuvem que se arrume no ponto certo, desenhando uma nova quimera que nos alimente as mãos abertas. E das mãos se liberta a anarquia das nuvens, que de novo se ergue, subindo aos céus, a enganar os sonhadores do mundo.


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