Os passos maiores do que as pernas que não tenho. Dispondo palavras a cumprir a ideia do ofício, sem
que tenha sumo, ou carne ou sangue para dispôr na travessa. E esta fome,
só eu sinto esta fome que não se sacia e diz o outro que é escrevendo,
escrevendo que a ideia surge e ela nada, nada de nascer deste terreno infértil.
Onde está? Onde anda tudo o que é urgente dizer? Escorreu de mim, para um abismo
de silêncios, rindo-se desta inaptidão,
dando o braço a tantos outros que são, esses sim, os homens que escrevem. Eu não, eu minto,
engano. Em mim apenas uma vontade sem estrutura.
É este corpo sem pulsação, impulsivo no pulsar lento destes membros de madeira exangue, a seiva exausta, nestes olhos de vidro frio, que nada vêem, nada vivem.
Que obra constrói um escritor que não escreve? Perdoá-lo-ão,
por se inscrever, escrevendo-se por dentro?
Serei eu feita de segredos que nem eu mesma consigo desvendar?
Gosto, Vera, gosto.
ResponderEliminarQue honra, receber aqui a sua visita, querida Licínia. Um abraço apertado!
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