quarta-feira, 15 de abril de 2015

À espera

Gasto grande parte do dia a olhar o horizonte, aguardando uma trovoada que nunca chega. Só o roncar dos trovões ao longe, como pesados móveis arrastando-se, na preguiça da tarde morrna, na luz-camaleão que entorna no vale todos os tons de verde que é capaz de encontrar.
Na distância, a trovoada arregaçou as saias do vestido e partiu, pé ante pé, sem ter dançado comigo. No salão de baile apenas as ervas inundadas de ouro,  a melodia do vento. Do cimo das árvores, explode o aplauso mudo de mil pássaros, que assistem, dos seus camarotes, à partida da tempestade. Talvez a escuridão a traga de volta, para uma valsa nocturna, encerrada em cortinas negras. Mas só em sonhos poderei dançar.

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