terça-feira, 23 de outubro de 2018

Bibliotecas municipais

Por mais anos que decorram desde que foi criada a rede de bibliotecas municipais, não deixo de me espantar com os luxos que oferece. É verdade, luxos. Porque se há muita gente que não pode comprar todos os livros que deseja ler ou possuir, é também um imenso privilégio ouvir falar pela primeira vez de um certo autor, ficar interessada em duas ou três obras suas e, de imediato, poder requisitá-lo numa biblioteca perto de casa. Neste caso, "O Filho do Desconhecido", de Alan Hollinghurst, tradução da maravilhosa Tânia Ganho, Dom Quixote, 2011, 1ª edição, 683 pp. Segundo a minha querida amiga Patrícia Reis, uma outra obra do mesmo autor merecia uma busca: "A Linha da Beleza": a biblioteca do meu modesto concelho também o tem.
Poucos minutos após ter enviado e-mail com a requisição, obtenho a resposta da Teresa Rodrigues, responsável pela biblioteca de Mafra (sede), com a qual tenho as mais amistosas relações:

"Olá Vera, espero que esteja tudo bem.

O livro que pediu está disponível, mas é da biblioteca da Póvoa da Galega, já o pedi para vir para Mafra, quando chegar, aviso.
Bjinhos"

Caímos no erro de baixar as expectativas, fazendo esgares à forma como o nosso País (não) funciona, mas depois temos coisas destas: um livro de Alan Hollinghurst existe na Biblioteca Municipal da Póvoa da Galega e é entregue na nossa biblioteca habitual, sendo que avisam para o telemóvel, da sua chegada. O único contra: uma vez que se trata de um empréstimo, não é possível manuseá-lo como se fosse nosso, rabiscá-lo, sublinhá-lo, tal como aconteceria com o exemplar de um familiar ou de um amigo. Não se pode ter tudo por pouco dinheiro. Pouco...? Nenhum! É, ou não, um imenso luxo?
Recado à editora (a todas, aliás, à excepção da Sibila, de Inês Pedrosa, que acarinha os tradutores): na capa devia constar o nome de quem traduziu a obra. Na capa, sim. Não apenas no frontispício. E já agora, pagar uma percentagem dos direitos de autor (não retirados aos direitos do próprio autor, é evidente).
Afinal, uma boa tradução pode salvar um livro ou matá-lo.
O José Fanha, que já baptizou umas quantas, tem toda a razão: queridas bibliotecas.

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