E porque é Natal e precisamos de magia, aí está, com estreia marcada para amanhã, a nova versão de Mary Poppins. Como resistir?
Não se deixem enganar pelas riscas cor-de-rosa. Os dias são (d)escritos com todas as cores.
terça-feira, 18 de dezembro de 2018
terça-feira, 11 de dezembro de 2018
Memória
Se todos registássemos a nossa
memória, fosse em diários, contos, prosa literária ou não, ela não se perderia,
com a passagem das gerações. Imaginem o testemunho histórico da intimidade e da
época dos nossos, o arquivo que as famílias ganhariam, se todos deixassem
escrita e publicada a sua infância, juventude, meio e fim de vida, a sua
perpectiva sobre acontecimentos, as suas emoções e sentimentos mais verdadeiros
para com irmãos, pais, tios, avós, amigos…
Ficaríamos a conhecer bem melhor
a personalidade, os valores, hábitos, manias, receios, dificuldades, ambições, fantasias
e conquistas de cada membro da nossa família. Seria tanto, o que acrescentaríamos,
para nos compreendermos melhor! Uma janela maravilhosa para o passado, até
chegarmos a nós. Aos nossos genes. À nossa herança. Para que não se desse o
esquecimento, a alienação das memórias que dão sentido ao tempo que escorre e nos
escapa. A qualquer instante poderíamos consultar um determinado ano,
acontecimento, década, as indignações, as alegrias, confissões, devaneios, ironias,
historietas, tanto do que viveram os nascidos antes de nós, da nossa árvore.
Hoje em dia é fácil e barato publicar,
em pequena tiragem. Nas estantes poderíamos ter – não os álbuns de fotografias
que, decididamente, estão a cair em desuso, nesta era digital, em que passámos
a partilhar a vida virtualmente, dias que aparentam ser perfeitos, na sua
superficialidade, em gavetas que daqui a não muito tempo serão impossíveis de
arrumar. Tê-la-íamos, pelo contrário, nas nossas estantes de casa, nos livros
de memórias em papel. E a possibilidade de reeditar um, cinco, vinte novos
exemplares, à medida do desejo dos descendentes. À medida da sua curiosidade.
Não, as redes sociais não
mostram vidas verdadeiras. Não revelam quem somos, apenas aquilo que escolhemos
revelar. Que memória verdadeira existe na imagem de um prato de comida, um
sorriso fotogénico ou um belo pôr-do-sol? Tudo é externo. A parte de fora de
nós. Para as gerações que virão, o mais importante será conseguir ler desse dia
– em que comemos aquela refeição, sorrimos para a selfie ou caçámos a paisagem – como nos sentíamos, em que pensávamos,
se chorámos nessa mesma tarde, quem tínhamos ao nosso lado que não se vê, onde
morávamos por essa altura, que lugares, sabores e afectos ficaram por cumprir.
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