sábado, 25 de fevereiro de 2012

Rubem Fonseca


O escritor brasileiro Rubem Fonseca foi galardoado com o Prémio Casino da Póvoa, pela obra "Bufo e Spallanzani", na 13ª edição das Correntes d'Escritas , evento literário que decorre desde anteontem na Póvoa de Varzim.
O vencedor do prémio Camões em 2003 já tinha recebido vários convites para estar presente no evento, ao longo dos anos, mas hesitou, por ser avesso a aparições públicas. No ano passado esteve quase a vir a Portugal, mas problemas de saúde impediram-no à última hora.
Apenas este ano visitou finalmente a Póvoa de Varzim, para gáudio da plateia do Casino da Póvoa, à qual Rubem Fonseca confessou o seu amor pela língua portuguesa, pela poesia e por Portugal. "Amo a língua portuguesa, lindíssima, que vai durar pela eternidade. [... Estou] encantado com esta cidade e com as pessoas daqui", disse.

"Eu sou neto de portugueses, tenho sangue português e orgulho-me disso"


"Eu sou neto de portugueses, tenho sangue português e orgulho-me disso", afirmou o escritor, de 87 anos, que recordou que o pai lhe lia sonetos de Camões, um pretexto para afirmar a sua preferência pela "poesia portuguesa".
Rubem Fonseca esteve no Corrente d'Escritas pela primeira vez
Imagem: José Coelho/Lusa

E foi com Luís de Camões que Rubem Fonseca encontrou a melhor maneira de encerrar a sua curta declaração de agradecimento, declamando, perante uma plateia emocionada, o soneto "Busca amor novas artes, novo engenho", rematando a sua leitura com um "viva, viva a língua portuguesa".
Na mesma ocasião, foi revelado o vencedor do prémio literário Correntes d'Escritas/Papelaria Locus, no valor de mil euros: Tomás Anjos Barão, sob o pseudónimo de Duplo Arco-Íris, com o trabalho "Vergílio Vagaroso".

Eduardo Lourenço: "Portugal é um velho país, não vai morrer realmente como o Titanic"



Antes, na abertura do certame, o prémio Pessoa 2011, Eduardo Lourenço, refletiu sobre Portugal, dizendo que é necessário neste momento "uma espécie de luz, qualquer coisa de luminoso".

"Portugal é um velho país, não vai morrer realmente como o Titanic e também espero que a Europa, onde nós entrámos, pensámos que enfim estávamos numa casa rica, uma casa dos outros, que não precisávamos de nos preocupar no futuro, que também não tenha esse destino que se começa a desenhar no horizonte", afirmou Eduardo Lourenço, lembrando que o continente já atravessou momentos piores.
Ainda assim, o pensador português afirmou acreditar que os problemas que a Europa atravessa neste momento se devem "ao facto de as nações europeias terem feito tudo o que podiam para se autodestruir apenas há 50 anos".

Correntes d'Escritas encerra sábado


Mais de meia centena de escritores estão presentes, desde anteontem, na 13ª edição do Correntes d' Escritas, que termina hoje. Muitos já estiveram em edições anteriores, mas 18 deles rumam a este encontro organizado pela autarquia local pela primeira vez, para debater ou apresentar livros.
Rubem Fonseca, Salgado Maranhão e Bia Corrêa do Lago (Brasil), Care Santos, Rosa Montero, Uberto Stabile (Espanha), Valeria Luiselli (México), Daniel Mordzinski (Argentina), Manuel Rui (Angola) e os portugueses Joao Pedro Messeder, João Bouza da Costa, Eugénio Lisboa, Fernando Pinto Amaral, José Jorge Letria, Valter Hugo Mãe e Onésimo Teotónio de Almeida foram alguns dos convidados para esta iniciativa.
Hoje, dia do encerramento, o Correntes homenageia Maria Lúcia Lepeki, Rui Costa e Moacye Scliar, a título póstumo.
O programa inclui ainda atividades paralelas, como o cinema, com a exibição de "O Barão", um filme de Edgar Pêra, e a fotografia, com a exposição "Aproximações" de Jorge Barros.
As mesas de debate, que têm como tema de fundo a crise no seio dos livros e da cultura, teatro, sessões de poesia, uma feira do livro e lançamento de muitas publicações fazem também parte do programa deste evento.
(Notícia retirada do jornal "EXPRESSO", adaptada à data de hoje e revista)
PRÉMIO CASINO DA PÓVOA 2012



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