quinta-feira, 13 de março de 2014

Carta a um blogue

Querido blogue,

Desculpa ter-me esquecido de ti. Do teu aniversário. Deixei-te aqui, desamparado durante quase uma semana, precisamente quando completas cinco anos de idade. Se entretanto não estiveres ofendido comigo, talvez vás gostar de saber que te fui fiel. Não senti qualquer impulso de trair-te. És o único blogue da minha vida; onde, ultimamente, tenho escrito. O facebook não conta, tu sabes que aquilo é uma relação passageira, nada de sério. É uma febre, uma vertigem, às vezes chega a ser um vírus. Tu não. Tu és o quarto onde venho dormir, sonhar, confessar, em almofadas de fundo negro, o melhor e o pior que tenho dentro. 
E porque te devo sinceridade, porque devo ser leal contigo, tenho de contar-te:
Comecei uma nova relação. Acho que será duradoura, que irá roubar-me muitas horas. Perdoa-me, mas estas coisas são mesmo assim, não pude controlar-me, aconteceu. Vou dizer-te, sem mais rodeios.
Adivinho o início de um romance. Não me interpretes mal, gosto dos momentos que passo contigo, mas...são efémeros, o que se há-de fazer...? É a tua natureza. Convenhamos que não temos grande futuro, consumimo-nos no tempo de um fósforo, um pequeno post por dia enquanto que, num romance, posso estender lençóis intermináveis, amachucando, nas horas nocturnas, o corpo de cada palavra. Fantasiar em ter um dia um filho de folhas nos braços.
Não me abandones, não faças as malas, não partas rumo ao espaço sideral. Tem mais um pouco de paciência comigo, e eu dou-te a minha palavra em como te deixarei espreitar, de vez em quando, para te juntares a nós, ousadamente. Não existe vergonha. Afinal, somos apenas um. 

Antecipadamente grata,

Aquela que te escreve.

2 comentários:

  1. continuo a gostar muito mais deste lado intimista dos blogues do que do voyer do FB. um beijo

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  2. ;-) Outro para ti, Rute. E obrigada pelo cuidado de "arrumares" o teu comentário aqui, na intimidade.

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