No Dia Mundial da Água, nesta tarde de céu cinza-claro, a anunciar chuva, deixo uma cantilena fresca, acabada de colher dos meus dedos.
Gota a gota
pingue pingue
enche o rio
que escorre
a esperança de ti
e de mim
não se apara
não se afaga
e o sentido mordido
pela fúria
pensamento
adormecido
água escorre
no chão seco
e branco e negro
mármore bolo
doce em boca
aguada
das ideias
primavera
sem travão
em gota fina
bebe a alma
o corpo nu
transpira o medo
a pele vomita
a toxina
gota agreste
planta a terra
seca, mãe
do meu futuro
em sombras
mornas
na folhagem
a matar-me
a solidão.
(© Vera de Vilhena, inéditos)
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