sábado, 21 de março de 2015

Dédalo



É agora, ébria de mim,
O momento de ser eu,
Sem erro nem desvio,
Sem destilar
a
minha
dor.

Ser eu, mais ninguém,
A morder a mágoa de mim mesma;
Sem cinto nem travão,
No impulso etéreo
Que me
leve
aonde
for.

É agora que choro, sem crosta nem escudo,
Que verei quem se encontra
em mim.

Onde estou eu, quando me revelo?
Por onde vai o meu ser verdadeiro?
Sem firmeza, sem crença,
Denúncia ou enleio.

Para onde vou,
enquanto
c
a
i
o?
(...)

(excerto de «Dédalo», in «Fora do Mundo, Poética Edições, 2014)

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