De tanto adiar a escrita da trilogia, dedicada a outros projectos, os personagens da 2º volume d' «A Ilha de Melquisedech» esconderam-se de mim. E agora, encontrá-los? Um sarilho. Procuro pela casa, vasculhando os potes da cozinha, as cestas, as fissuras da pedra, os tachos e panelas de cobre, suspensos do tecto, em gavetas, arcas e gavetões, entre as camisolas de inverno, mantas e cobertores - não vão eles ter sentido um frio abandono que mais parece desamor... mas os malandros continuam bem escondidos. Terei de lhes pegar com jeito, levá-los com falinhas mansas, torrões de açúcar e mezinhas caseiras, para que venham até mim como corças num bosque desencantado. É sempre assim, ficam ofendidos pela espera e com razão: Sukkar, o duende de Hidromel, Furfuris, o ajudante do moleiro Grotti, as ondinas, que há muito não visitam a superfície do Lago dos Segredos, adormecidas nas suas grutas de cristal; Mnemina, Evangelina, Zacarias, Aracne, Scribendi, Graziela, Rigoletto... todos permanecem em silêncio, amuados, até o corcunda Ratatosk, exilado na Ilha de Nullius.
Mais me envergonha a forma como tratei as novas personagens, que mal haviam começado a ver contada a sua história, quando as deixei paralisadas num gesto, como injusta maldição: Mutatis, nascido no Outro Mundo, os espantalhos Iratus, Rusticus e Pertinax, e os humanos Benjamin Somers, Katherine e Rosemary Doolittle, Sr. Alfa e Sr. Beta, Cécile Picard, Francine Clément, Marie e Olivier La Fontaine, os irmãos Carlos e Luis Asunción e até uma família de Sintra, em Portugal, que irá participar nesta aventura. Do vilão que dará nome ao segundo volume nem me atrevo a falar, para já, não vá ele amaldiçoar eternamente esta trilogia.
Mostrem-se! A vossa espera terminou. Estou pronta.
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