Se eu voltasse a ser uma criança, havia de querer fazer uma série de perguntas que na altura não me lembrei. Agora que sou crescida, já não dá.
A gente sabe que a pontuação pode mudar o sentido à frase, aprendemos isso na escola, mas ninguém se lembra que a ordem das palavras também é muito importante: se eu disser que vi imensas dunas, não quer dizer que as dunas sejam imensas. Pode ser a diferença entre estar a falar das dunas do Sahara ou das dunas da Costa da Caparica e depois ainda passo por mentirosa e não é justo. E o mesmo vale para as meninas ricas, que podem estar bem longe de ser umas ricas meninas, pois, pois.
Também tenho outra dúvida: se na vida só ligarmos ao que o corpo pede, e nos ficarmos pela satisfação interna, será que vivemos em eterna insatisfação? É que depois a cabeça vai e queixa-se de falta de atenções, não é? E com razão, acho eu.
E depois também podia brincar um bocadinho com o decorar e escrever um poema ao meu primeiro namorado, a dizer: decorei os teus versos / e com eles decorei o meu coração, ou qualquer coisa pirosa assim; ou então prosa pirosa, que... olha, reparei agora, uma tem um "i" e a outra não e são duas coisas tão diferentes, pois é?
E depois há aquilo dos advérbios de modo: se eu disser fantasmagoricamente, quem me ouvir pode pensar que eu estou a falar de uma mente fantasmagórica e lá vão achar que eu estou a dizer disparates.
Há coisas assim, muito complicadas.
Outra palavra que eu não percebo é o bruxuleante: alguém me diz se ela vem dos bruxos, das bruxas ? Quer dizer que alguém oscila entre coisas da bruxaria?
E essa coisa de estar melancólica, tem alguma coisa a ver com cólicas e com melões? É que se não tem, não sei porque e que brincam com as pessoas!
E sempre achei a história do aterrar muito esquisita: aterrar um avião quer dizer assustá-lo de morte? Ai não? Então e aterrar uma pessoa, é pousá-la no chão? Não me digam que não é confuso...
Pronto, isto era o que eu perguntava se fosse criança, mas agora sou crescida, já não dá.
Não consegui evitar de me rir ao ler este teu texto. Como sabes, tenho andado arredado das lides bloguistas. Hoje em rápida incursão, deparo-me com o teu desbafo cheio de humor. É por estas e por outras que não subscrevi, nem subscreverei o acordo ortográfico. (lá diz o ditado: burro velho não aprende línguas...) Não será por isso certamente que deixarei de entender Camões, Aquilino ou Amado e Verissímo.
ResponderEliminarDeixemos a língua portuguesa fluir nas suas diferentes vertentes, tão ricas
Beijos,
Zé
Adorei aqui no Brasil também nos deparamos com esquisitices, HAHAHAHA, adoro seu blog.
ResponderEliminarAté mais...