terça-feira, 14 de julho de 2009

Filosofices II

Se eu voltasse a ser uma criança, havia de querer fazer uma série de perguntas que na altura não me lembrei. Agora que sou crescida, já não dá.

A gente sabe que a pontuação pode mudar o sentido à frase, aprendemos isso na escola, mas ninguém se lembra que a ordem das palavras também é muito importante: se eu disser que vi imensas dunas, não quer dizer que as dunas sejam imensas. Pode ser a diferença entre estar a falar das dunas do Sahara ou das dunas da Costa da Caparica e depois ainda passo por mentirosa e não é justo. E o mesmo vale para as meninas ricas, que podem estar bem longe de ser umas ricas meninas, pois, pois.

Também tenho outra dúvida: se na vida só ligarmos ao que o corpo pede, e nos ficarmos pela satisfação interna, será que vivemos em eterna insatisfação? É que depois a cabeça vai e queixa-se de falta de atenções, não é? E com razão, acho eu.
E depois também podia brincar um bocadinho com o decorar e escrever um poema ao meu primeiro namorado, a dizer: decorei os teus versos / e com eles decorei o meu coração, ou qualquer coisa pirosa assim; ou então prosa pirosa, que... olha, reparei agora, uma tem um "i" e a outra não e são duas coisas tão diferentes, pois é?

E depois há aquilo dos advérbios de modo: se eu disser fantasmagoricamente, quem me ouvir pode pensar que eu estou a falar de uma mente fantasmagórica e lá vão achar que eu estou a dizer disparates.
Há coisas assim, muito complicadas.

Outra palavra que eu não percebo é o bruxuleante: alguém me diz se ela vem dos bruxos, das bruxas ? Quer dizer que alguém oscila entre coisas da bruxaria?

E essa coisa de estar melancólica, tem alguma coisa a ver com cólicas e com melões? É que se não tem, não sei porque e que brincam com as pessoas!

E sempre achei a história do aterrar muito esquisita: aterrar um avião quer dizer assustá-lo de morte? Ai não? Então e aterrar uma pessoa, é pousá-la no chão? Não me digam que não é confuso...

Pronto, isto era o que eu perguntava se fosse criança, mas agora sou crescida, já não dá.

2 comentários:

  1. Não consegui evitar de me rir ao ler este teu texto. Como sabes, tenho andado arredado das lides bloguistas. Hoje em rápida incursão, deparo-me com o teu desbafo cheio de humor. É por estas e por outras que não subscrevi, nem subscreverei o acordo ortográfico. (lá diz o ditado: burro velho não aprende línguas...) Não será por isso certamente que deixarei de entender Camões, Aquilino ou Amado e Verissímo.
    Deixemos a língua portuguesa fluir nas suas diferentes vertentes, tão ricas
    Beijos,

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  2. Adorei aqui no Brasil também nos deparamos com esquisitices, HAHAHAHA, adoro seu blog.
    Até mais...

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