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Aprendi que Epicuro devotou a sua vida à procura do prazer: comer, beber, fornicar, estar rodeado de amigos e que, na sua época se formaram "escolas para o prazer" na Síria, judeia, Egipto, Itália e Gália; e que, tendo fama de glutão, encontrava prazer no simples acto de se alimentar com "água, pão, vegetais e um punhado de azeitonas" e que escreveu a um amigo; "manda-me um queijo, para que possa fazer um festim"; que construiu um pomar e uma horta com uns amigos, para cultivarem os seus próprios alimentos, para comer pouco, mas bem.
Aprendi que Séneca, que havia sido tutor de Nero, teve a benesse de umas férias de três anos no campo, para escrever sobre a natureza, enquanto esperava serenamente a ordem de morte, que se anunciava, da parte do imperador louco e cruel, que aos 28 anos já mandara matar a mãe, Agripina, o meio irmão Britânico, Octávia, a sua mulher e um grande número de senadores e militares que lançava aos leões e crocodilos; que Séneca desejou morrer como Sócrates, que tanto admirava, mas que o seu médico o enganou, dando-lhe a beber algo que por duas vezes não fez qualquer efeito; que a sua mulher Paulina, em desespero, cortou os pulsos, mas foi socorrida por centuriões que lhos ligaram, salvando-a; que o filósofo "pediu para ser colocado num banho a vapor, onde sufocou até morrer. em tormento, mas com serenidade, imperturbável perante as perturbações da Fortuna". Já não há heróis destes. Já não se vive nem se morre assim.
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