domingo, 31 de janeiro de 2010

O fim do silêncio

Podia ser o nome de um novo romance, mas não.
É só uma celebração minúscula: este computador estava em silêncio, em regime deixa-andar-assim-mesmo, desde 16 de Outubro (que rica cantora me saí eu...) e hoje, graças ao meu filho que é - além do filho melhor do mundo, a luz dos meus olhos e essas pirosices todas de que não me envergonho - também uma espécie de engenheiro informático. Pegou nas outras colunas, deu-lhes a extrema-unção e foi comigo a uma loja de informática comprar outras melhores, ao mesmo preço. Não saíu daqui sem me deixar tudo ligado, pois sabe que a mãe adora textos e letras, mas detesta fios, cabos e ligações. Obrigada, filhote, por me devolveres os ouvidos.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010


Hoje terminei de ler as 409 páginas deste romance de Siri Hustvedt, mulher de Paul Auster. Se lhe dedico o post de hoje, é porque me deixou uma óptima impressão. Comecei a lê-lo com aquela condescendência, Pronto, pronto, és mulher do Paul Auster, também escreves, ok - mas ao fim de umas páginas, rendi-me. É muito forte, uma escrita madura e uma história entre personagens absolutamente assombrosas. De leitura compulsiva, uma vez que elas começam a entrar-nos na pele. Leiam, se puderem. Obrigada, cunhada, foi o primeiro do monte e começou muitíssimo bem.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

European English

Desculpem, mas não resisti a publicar aqui, na íntegra, este texto satírico tão bem escrito, para ilustrar a decisão da Comissão Europeia deste ano...enjoy.

"European English
The European Commission has just announced an agreement whereby English will be the official language of the European Union rather than German, which was the other possibility.
As part of the negotiations, the British Government conceded that English spelling had some room for improvement and has accepted a 5-year phase-in plan that would become known as 'Euro-English'.
In the first year, 's' will replace the soft 'c'. Sertainly, this will make the sivil servants jump with joy. The hard 'c' will be dropped in favour of 'k'. This should klear up konfusion, and keyboards kan have one less letter. There will be growing publik enthusiasm in the sekond year when the troublesome 'ph' will be replaced with 'f'. This will make words like fotograf 20% shorter.
In the 3rd year, publik akseptanse of the new spelling kan be expekted to reach the stage where! more komplikated changes are possible.
Governments will enkourage the removal of double letters which have always ben a deterent to akurate speling.
Also, al wil agre that the horibl mes of the silent 'e' in the languag is disgrasful and it should go away.
By the 4th yer people wil be reseptiv to steps such as replasing 'th' with 'z' and 'w' with 'v'.
During ze fifz yer, ze unesesary 'o' kan be dropd from vords kontaining 'ou' and after ziz fifz yer, ve vil hav a reil sensibl riten styl.
Zer vil be no mor trubl or difikultis and evrivun vil find it ezi tu understand ech oza. Ze drem of a united urop vil finali kum tru.
Und efter ze fifz yer, ve vil al be speking German like zey vunted in ze forst plas."

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

"Favores em Cadeia"


Neste fim de tarde enterneci-me com um filme sobre a bondade humana e a esperança, mesmo no meio da crueldade e do desespero. Com interpretações magistrais de Kevin Spacey e Helen Hunt, dois dos meus actores de eleição, e de Haley Joel Osment ("Sexto Sentido"), o ainda muito jovem protagonista. Uma história que nos inspira e nos faz pensar que os nossos gestos podem ter as consequências mais inesperadas e que é possível tentar o impossível. Adorei o tom lavanda sempre presente nas cenas passadas na sala de aula, um toque de pormenor que revela o olhar feminino da realizadora.


Título: Favores em Cadeia ("Pay it Forward")
Realizador: Mimi Leder
Ano: 2000

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

em movimento

Ainda ontem entrámos no ano novo e já estamos na última semana do mês. O tempo (es)corre apressado, sem nos dar tempo para cumprirmos as nossas (re)soluções. É preciso jogar no euromilhões e acreditar que vamos ganhar, beber (muito) café, comprar jornais e ver os noticiários (mesmo que estejam, como diz a Patrícia Reis, "cheios de mortos"), tratar da casa, dos filhos, dos cães, da alma; ler novos livros, rever os amigos de sempre e para sempre, ter mais ideias do que ideais, respirar fundo, pensar antes de falar, fazer listas de afazeres, insistir nos sonhos até os conseguirmos acordar, fugir a sete (mil) pés das discussões, tentar que os nossos gestos façam sentido para nós, enquanto andamos à procura de um cantinho de sol.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Texto des"a"do

Dei com este texto num blog e não resisto a partilhá-lo. A nossa língua tem possibilidades curiosas como esta. Vocábulos não nos faltam. São tantos, que podemos dar-nos ao luxo de brincar assim: faz-de-conta que o "A" não existe...

"Sem nenhum tropeço posso escrever o que quiser sem ele, pois rico é o português e fértil em recursos diversos, tudo isso permitindo mesmo o que de início, e somente de início, se pode ter como impossível.
Pode dizer-se tudo, com sentido completo, como se isso fosse mero ovo de Colombo, desde que se tente. Sem se inibir, pode muito bem o leitor empreender este belo exercício dentro do nosso fecundo e peregrino dizer português, puríssimo instrumento dos nossos melhores escritores e mestres do verso, instrumento que nos legou monumentos dignos de eterno e honroso reconhecimento.
Trechos difíceis resolvem-se com sinónimos.
Observe-se bem: é certo que, em se querendo, esgrime-se sem limites com este divertimento instrutivo.
Brinque-se mesmo com tudo.
É um belíssimo desporto do intelecto, pois escrevemos o que quisermos sem o "E" ou sem o "I" ou sem o "O" e, conforme meu exclusivo desejo, escolherei outro, discorrendo livremente, por exemplo sem o "P", "R" ou "F", o que quiser escolher. Podemos, em corrente estilo, repetir um som sempre ou mesmo escrever sem verbos.
Com o concurso de termos escolhidos, isso pode ir longe, escrevendo-se todo um discurso, um conto ou um livro inteiro sobre o que o leitor melhor preferir.
Porém, mesmo sem o uso pernóstico dos termos difíceis, muito e muito se prossegue do mesmo modo, discorrendo sobre o objeto escolhido, sem impedimentos.
Deploro sempre ver moços deste século inconscientemente esquecerem e oprimirem hoje o nosso português, culto e belo, querendo substituí-lo pelo inglês. Porquê?
Cultivemos o nosso polifónico e fecundo verbo, doce e melodioso, porém incisivo e forte, messe de luminosos estilos, voz de muitos povos, escrínio de belos versos e de imenso porte, ninho de cisnes e de condores.
Honremos o que é nosso, oh moços estudiosos, escritores e professores!
Honremos o digníssimo modo de dizer que nos legou um povo humilde, porém viril e cheio de sentimentos estéticos, púgil, de heróis e de nobres descobridores de mundos novos!"

Autor: Desconhecido

Obrigada, Rute!

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

A Alice de Tim Burton



(clique na imagem, para a aumentar)

Mal posso esperar pela chegada deste filme às salas portuguesas, no dia 4 de Março. Tim Burton não irá limitar-se a oferecer-nos mais uma versão de Alice no País das Maravilhas, mas sim a deslumbrar-nos com uma visão ao seu jeito. Teremos uma Alice adulta, com 19 anos, e que, já esquecida da sua aventura na infância, é pedida em casamento e terá de regressar ao mundo da fantasia para o salvar. Tim Burton demorou a encontrar a sua Alice perfeita, mas acabou por encontrá-la na Austrália. Os dois actores da praxe não podiam faltar (Johnny Depp e a mulher de Tim Burton, Helena Bonham Carter) pois nunca deixam ficar mal o realizador nem os seus inúmeros fãs. E a melhor notícia é que será em 3D! Ainda não vi, mas já adorei.

Mia Wasikowska - Alice
Johnny Depp - O Chapeleiro Louco
Helena Bonham Carter - a Raínha de Copas
Anne Hathaway - A Raínha Branca
Michael Sheen - O Gato Risonho






(Mia Wasikowska a ser dirigida por Tim Burton)

Espreitem mais aqui:
Tim Burton revisita Lewis Carroll - Artes - DN

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Hoje é o dia mais deprimente do ano

Ah, então foi isso. Que vergonha, sou um exemplo chapado e matemático, que se insere no estudo deste senhor. Pronto, amanhã é outro dia e este está a seis minutos de acabar. Ainda bem.

Hoje é o dia mais deprimente do ano - aprenda a combatê-lo

(in Jornal "I", hoje)


Alguém me lance uma boia de salvação. Estou a afundar-me.

http://soumulherfatal.blogspot.com/

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Thoreau


Terminei hoje a leitura de "Walden ou a Vida nos Bosques". Deixo aqui alguns excertos, para que se deslumbrem comigo. É sabido que procuramos, afinal, aquilo que já vive dentro de nós. Estes foram alguns dos reflexos que encontrei com a minha própria imagem, neste lago de Thoreau: nada que nos faça mudar de ideias; apenas aquilo que já sabíamos e sentíamos, sem o saber dizer por palavras. É onde moram as nossa esperanças e estas palavras simbolizam a sua morada.

"Basta uma simples chuva suave para que a erva fique muitos tons mais verde. Assim se iluminam as nossas perspectivas sob o influxo de melhores pensamentos. Seríamos abençoados se vivêssemos sempre no presente e lucrássemos com tudo o que nos acontece, como a relva que reconhece a influência do mais leve orvalho que a molha; se não desperdiçássemos o nosso tempo expiando pela perda de oportunidades passadas, julgando cumprir o nosso dever. Demoramo-nos no Inverno quando já é Primavera."

"Com a minha experiência aprendi pelo menos isto: se uma pessoa avançar confiantemente na direcção dos seus sonhos, se se esforçar por viver a vida que imaginou, há-de deparar com um êxito inesperado nas horas rotineiras. Há-de deixar para trás uma porção de coisas e atravessar uma fronteira invisível; leis novas, universais e mais abertas começarão por se estabelecer em redor e dentro dela; ou então as leis velhas hão-de ser expandidas e interpretadas a seu favor num sentido mais liberal, e ela há-de viver com a equiescência de uma ordem superior de seres. À medida que ela simplificar a sua vida, as leis do universo hão-de parecer menos complexas, a solidão deixará de ser solidão, a pobreza deixará de ser pobreza, a fraqueza deixará de ser fraqueza. Se construístes castelo no ar, não terá sido em vão esse vosso trabalho; porque eles estão onde deviam estar. Agora, por baixo, colocai os alicerces."

"Se um homem não acerta o passo com os seus companheiros é porque talvez oiça um tambor diferente (...). Deixai-o marchar conforme a música que ouvir, ainda que lenta e distante."

"Nenhum aspecto que possamos dar a um assunto nos trará por fim tanto proveito como a verdade. Só ela assenta bem. Porque na maioria dos casos não estamos onde estamos mas numa posição falsa. Devido a um desvio da nossa natureza, imaginamos uma situação e colocamo-nos dentro dela, e logo estamos em duas situações ao mesmo tempo, tornando-se duplamente difícil sair delas. Em momentos de lucidez encaramos simplesmente os factos, a situação que de facto existe. Dizei o que tendes a dizer, e não o que deveis dizer. Qualquer verdade é melhor que o fingimento."

"Por mais medíocre que seja a nossa vida, enfrentai-a e vivei-a; não a eviteis nem a injurieis. Ela não é tão aborrecida como vós o sois."

"Quem busca defeitos em tudo encontrará defeitos até no paraíso."

"A luz que ofusca os nossos olhos é escuridão para nós. Só amanhece o dia para o qual estamos acordados. Mais dia está por raiar. O sol não passa de uma estrela matutina."

domingo, 10 de janeiro de 2010

Aquarela - Toquinho

Neste Domingo de frio, deixo-vos um video bem quentinho, uma ternura, para aquecerem o vosso coração.
http://www.youtube.com/watch?v=2-V21HepcgY
Ops!, só agora reparei que a Patrícia Reis também postou esta pérola ontem, no blog vaocombate. Andamos todos ao mesmo, em sintonia. Isso é bom, é sinal de que estamos juntos. Obrigada P.,...e obrigada Miguel!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Mundo interior

Ah, a autocomiseração...! Vamos pensar que o que importa não é o que perdemos, ou que desejamos e não somos capazes de alcançar - mas sim o que podemos realizar com o que possuímos. E desse modo, teremos muito mais.
Vejam o video, é uma animação francesa premiada. Obrigada, Alice.

http://www.entusbrazos.fr/

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Dia não


Telefonemas que não se devolvem, recados que não se transmitem, textos que não se escrevem, funções que não funcionam, palavras que não se dizem, travões que não refreiam, resoluções que não se cumprem, dilemas que não se desfazem, questões que não são respondidas, acções que não se realizam, momentos que não se aproveitam, livros que não se lêem, ideias que não se aprovam, datas que não se cumprem nem celebram, portas que não se fecham, esperanças que não se confirmam, tesouros que não se guardam, silêncios que não se quebram, janelas que não se abrem, chaves que não servem, mãos que não se desprendem…
O meu dia acordou assim, como o solo de um instrumentista cujas primeiras notas, erradas, o levam torto até ao fim, enquanto ele procura, em vão, endireitá-lo a cada compasso. E esta chuva e este frio que nunca mais fazem as malas e partem, a dar lugar à luz. Quero o sol, para me derreter este dia desajeitado.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Abertura com Chave de Ouro



O meu primeiro filme do ano. 3D. Maravilhoso. Não percam. James Cameron demorou doze anos para o realizar. Filme que me faça rir e chorar...já ganhou. Espero que, pelo menos, ganhe os óscares de melhores fotografia, adaptação (se for baseado num livro), efeitos especiais e melhor filme, claro.  Não deixem de ver. Façam esse favor a vocês mesmos, comprem os óculos para ver a 3D e deixem-se ir neste mundo maravilhoso, com final feliz.