quarta-feira, 26 de maio de 2010

Morte

O peso da morte é imenso. Por momentos de tempo incerto, essa tragédia que envolve o morto num manto negro e misterioso que tudo esconde e que nós, vivos, jamais entenderemos, torna-se na sua única identidade. Uma escuridão onde somos incapazes de navegar, sem a orientação desse fenómeno que rouba o último suspiro de alguém.
Aos poucos, o tempo trata de ir tornando esse peso mais leve, cada vez mais leve, até que o morto vai ressurgindo, devagar, reconquistando a sua identidade, a sua forma, a sua vida. Como se a ceifeira se afastasse, satisfeita, despindo, enfim, o morto desse manto que o subjugava, para o tornar novamente vivo aos nossos olhos saudosos. É então que acreditamos ter perdido alguém para sempre e, em vez de lágrimas, lhe dedicamos um sorriso triste, ao aceitar que o futuro foi interrompido e que tudo o que nos resta são recordações.

4 comentários:

  1. É melhor tentarmos encontrar alguma beleza no que é triste. Obrigada, Renata, boa semana. Estou de saída para dizer um último adeus ao meu amigo e colega Beto, cantor com voz belíssima que morreu na passada 6ª feira, com 43 anos. Um beijo

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  2. Coragem, Vera. Perder um amigo é muito doloroso...esta semana morreu um aluno de 6ºano na nossa escola. Não era meu aluno, felizmente, mas mesmo assim mexeu comigo e alguns miúdos estão perfeitamente noutro mundo, como se não pudessem acreditar que o Patrik faleceu no mar e vai hoje a enterrar...

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  3. Coitadinhos dos miúdos, terem de lidar com a morte numa idade tão tenra ainda. Perdi os primeiros amigos aos 10 anos e aos 15 anose foram experiências chocantes que tiveram, ao mesmo tempo, algo de irreal. Gera-se uma grande solidariedade dentro dese tipo de tristeza, o que serve de algum consolo...

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