Sábado à tarde. Há quem vá de fim de semana para a praia, aproveitar o primeiro sol; quem prefira ou se veja forçado a enfiar-se em centros comerciais; ou quem vá ver uma exposição ou peça de teatro; um almoço com família e amigos...enfim.
Eu?
Fiquei por aqui. Uma amiga nossa que costuma pastar ao longe, comendo pedaços da paisagem que vemos da nossa casa, afastou-se das colegas e, audaz e curiosa, veio visitar-me e apresentar-se. Eu que costumava sentir-me frustrada por não conseguir fotografar as vacas suficientemente perto com a zoom da minha modesta máquina, tirei a barriga de misérias, pois senti-lhe o cheiro, o bafo e pude até contar-lhe as pestanas. Foi uma forma simpática de interromper a lida doméstica. Perguntei-lhe o que andava aqui a fazer, no início do alcatrão que termina defronte à nossa casa, quando podia estar placidamente a devorar o verde, como as manas quadrúpedes que lanchavam a poucos metros. Ela olhou para mim e em resposta mugiu bem alto, a ponto de me assustar e fazer-me rir. Os cães ladravam, furiosos e indignados com a lata da vaca. Ela não se deixou intimidar e partiu ao fim de uns dez minutos, quando lhe apeteceu juntar-e às outras. Nesta casa acontecem coisas assim, como esta. E é uma das razões porque troquei a cidade pelo campo. O que querem?, são caprichos.
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