Por vezes somos nós que inventamos as nossas próprias correntes, que nos iludimos com prisões que só existem enraizadas em velhos receios, no medo em tentar quando, em muitos casos, basta um pequeno esforço para conquistarmos a nossa liberdade. Pode ser um "sim!" em vez de um "...não."; pode ser um "basta!", em vez de um silêncio amargurado; olhar em frente e respirar fundo, em vez de suspirar e remoer o passado; pode ser até uma questão de arregaçarmos as mangas, ao invés de metermos as mãos nos bolsos ou cruzarmos os braços; ir, em vez de ficar; dizer, em vez de calar; olhar para o outro e escutar, em vez de ouvirmos apenas a nossa própria voz; investir tempo nos outros, ajudar, ao invés da autocomiseração e da indiferença. E assim modificando os nossos gestos, pode até ser que os dias comecem a fluir a favor da corrente - não a que nos amarrava - mas a de um rio límpido e irrequieto, que sabe bem onde conduzir as suas águas, agora que fazemos parte da maré.
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