sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O carteiro

O carteiro parou com a sua mota junto do muro e buzinou insistentemente. Julguei que tinha alguma encomenda para eu assinar, mas não. Estava preocupado com um dos cães que, preso com a longa corrente, estava equilibrado no muro arredondado, acima do seu capacete preto. Ladrava o serra da estrela, ladrava o cão de caça empoleirado, e ele continuava a buzinar e a gritar "sai daí, ó!". A rir, da janela cá de cima do quarto, dei-lhe os bons dias e sosseguei-o:
- Não se preocupe, ele faz isso a toda a hora!
Com cautela, sempre a sorrir, o carteiro colocou o correio na caixa, cuidando que o serra, cuja cabeçorra aparecia intermitentemente sobre o muro, ao nível da mão dele, não lhe desse uma dentada amigável. Gritei-lhe ainda um Obrigada! e ele arrancou na sua mota de alta cilindrada com buzina de automóvel, depois de me acenar um adeus.

2 comentários:

  1. hehe, o Gastão impõe respeito! Guarda bem a casa :) O carteiro deve-se ter assustado mesmo,lol

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  2. Nem por isso, têm uma longa relação de (des)confiança, pois o carteiro é quase sempre o mesmo e conhece o Gastão desde que ele era pequenino :-)

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