Acabo de regressar de uma das minhas caminhadas. Todos os dias um pouco mais longe, duplicando o esforço, na ida e no regresso. É urgente manter a forma. Melhorá-la, se for possível. O corpo queixa-se, eu insisto. Não há-de ser mais teimoso do que eu. Prestes a fazer inversão de marcha e regressar a casa, dou com três ovelhas a pastar placidamente, na tarde primaveril. Olharam para mim, balindo, enquanto ruminavam com preguiça. Do lado de cá da vedação, a erva é ainda fresca. Uma das ovelhas, mais atrevida, olha-me fixamente, com os seus olhos esbugalhados e inexpressivos. Acho-lhe graça. Insiste em fazer contacto comigo, enfiando o focinho através dos buraços da vedação, tentando chegar à minha mão estendida. Arranco punhados de erva e fico ali, a dar-lhe lanche e a conversar com ela, fingindo que a ovelha é capaz de entender o que lhe digo: é bom, não é? Erva fresquinha, pois, vês? Hmm, ervinha boa! Quem é que é linda, quem é?
Hoje é dia de interromper esta vida campestre e ir até à capital, para o lançamento oficial do livro "Por este mundo acima", da Patrícia Reis, com apresentação de valter hugo mãe. Para já, as minhas mãos ainda cheiram a erva e tenho os olhos cheios de verde. Daqui a pouco, terei nas mãos as páginas de um novo livro e os olhos cheios de gente que ama as palavras e as pessoas... como eu. Senão, não me arrancavam daqui. Acreditem.
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