Deixei-me ficar caseira. Li umas páginas de Firmín, o rato leitor que vive na biblioteca e lê livros, tratei dos cães e brinquei com eles, ao sol. As tarefas da casa foram reduzidas ao mínimo. Revisão de texto, emails, facebook, uma longa conversa no chat com uma amiga de longa data. É sempre justo. De repente, vejo o poente a explodir lá fora. O sol parecia incendiar os pinheiros e os eucaliptos. Saltei da cadeira, agarrei a máquina e fui roubá-lo. Quem fotografa é uma espécie de larápio de cenários. E assim fiquei com estes rectângulos de mundo. Só então fechei as portadas e acendi as luzes, num novo acordo entre a casa e o jardim. Uma dança de luz, uma troca, apaga-se o sol, acendem-se candeeiros. Hoje passamos a horário de Inverno, não se esqueçam, lá ficaremos com menos uma hora preciosa de sol. No Brasil é verão e chove. Um bocadinho de mim está por lá, em folhas soltas. E eu escrevo, escrevo sempre, por dentro ou para fora, enquanto me deixo levar pela banda sonora maravilhosa do filme "Out of Africa", que faz tão boa companhia. As portadas podem ter sido cerradas. O céu pode ter enegrecido, mas estas janelas que usamos para comunicar com o mundo estão sempre assim, abertas para outras paisagens, outro céu, outra luz...e o mesmo sol, que traz e leva recados de cá para lá, em estranhas ondas invisíveis, como vertigem junto a uma imensa fogueira.
LiKE!
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