Dentro de água, no sufoco de há tanto tempo esbracejar, o homem vislumbrou, enfim, uma luz. O céu azul cobalto, enegrecido pela noite, não se distinguia do mar revolto. No horizonte, longe e perto, ele viu a costa que o salvaria, as pequenas chamas tremeluzindo como se chamassem por ele. Não se deixou acobardar pelas vagas e teimou que haveria de chegar a terra firme. O mar amansou e o homem descobriu, com pasmo, que as águas mornas eram agora fáceis de cruzar, que aquela aventura poderia, quem sabe, revelar-se uma viagem feliz.
Ela esperava, como farol, de pés enterrados na areia. Os tornozelos nus lambidos pela maré. Há muito que o espera. Pensou em desistir, recuar alguns passos. Mas a cada vez que se afasta o mar chama por ela. Outro remédio não têm senão regressar um para o outro, tacteando na escuridão.
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