sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

No mundo

Sim, andava eu à procura de um lugar especial para fazer o lançamento do meu livro, quando me deparei com esta "Farmácia Liberal" e disse, É isto. E foi. Foi, porque tive uma sorte tremenda. E foi aqui, junto de botelhas com essências antigas, óleos, almofarizes, frascos de rótulos centários e chão de xadrez que eu, o Director do Museu da Farmácia e a Patrícia Reis, nos viemos instalar para receber os convidados. O meu filho, garantidamente ausente, apareceu de surpresa a tirar sentido aos dias de tristeza que andei a sentir por antecipação, por saber (julgava eu) que ele não iria estar. E pergunto: então para quê sofrer por antecipação? É que às vezes a tristeza não se confirma.
A Patrícia apareceu com um vestido da Anita, que tinha guardado propositadamente para a ocasião. Não, o meu livro não é sobre a Anita, mas pelo meio das 506 páginas anda a inocência da infância e muita nostalgia que sempre sentimos por mundos perdidos e tempos que nos fogem entre os dedos. Leu o seu texto e captou a atenção de todos. Ninguém fica indiferente ao que esta mulher tem para dizer.

O meu tio Vasco ofereceu-se para fazer a reportagem e, como se não bastasse, ainda tive direito a assistente, o Vasco Jr, meu primo, que se prepara para se tornar em mais um fotógrafo nesta família de artistas.
O meu marido assegurou o som, carregou equipamento e caixas com livros, sumiu-se rumo a um qualquer gig, e deixou-me desamparada...mas entregue ao tão esperado alívio.
Não estás feliz? Perguntam-me. Confesso que o sentimento é sobretudo de alívio, como pássaro que tenta, em vão, encontrar uma janela, uma escapatória, e bate irremediavelmente as asas contra as paredes de vidro e os recantos abandonados. A janela foi destrancada, ele partiu enfim. Foi para isso que foi feito, para bater as asas na paisagem, entre as ruas, roçando ao de leve os cabelos e as mãos, brincando com quem passa. Os ventos! É preciso não esquecer os ventos, que levam tudo.
Não esquecerei este dia de alívio, aromatizado com algo que lembra vagamente a fé no que há-de vir. 
O meu filho de folhas está cá fora. A reportagem completa com todos? No facebook, claro. 
A ILHA DE MELQUISEDECH (1º volume). Capa - maravilhosa - de Vanessa Bettencourt.
Não sei de que me rio, mas estou feliz, sem dúvida. Afinal não é só alívio.
Moçoilas (colegas da faculdade): nunca falham quando chamamos por elas. É uma arte de feiticeiras que elas têm.

O caríssimo Dr. João Neto, monárquico, leitor confesso de Tolkien, com quem falei de unicórnios, elfos e outros seres encantados. Agora venham cá dizer-me que os museus são uma chatice. Não conhecem o museu da farmácia nem o seu director.

De alunas de escrita criativa têm pouco: são sobretudo amigas com quem aprendo a ser feliz.

2 comentários:

  1. Oh! Eu é que gostei de partilhar o dia e os sorrisos. Obrigada pelo bilhete para a viagem até à Ilha, que já é um bocadinho de todos nós. Agora vou ali a Sillydragg buscar um raminho de Rorippa nasturtium-aquaticum para dar cabo da rouquidão e ainda faço uma sopa! Bjs

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    1. Eheheheh....isso mesmo, Maria João! E não te esqueças de que não precisas de levar a bolsa com cristais, basta um bocadinho de conversa com o druida ao balcão ;-))
      Gostei TANTO de te ver neste dia! E estás linda na fotografia. Beijos

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