NASCEU DEZEMBRO
Nenhum céu nos basta, mas mesmo assim
Dezembro continua a nascer
agarrado ao coração por um ramo de azevinho.
Por todo o lado as palavras quentes rodopiam
e apesar do gelo
o mundo perde cantos e arestas
sem diferenças entre ruas e ruelas.
E vemo-lo a embrulhar-se em fitas coloridas
bolas doces e afectos;
tristezas que sorriem
ao ritmo intermitente da claridade nas janelas.
Nenhum céu nos basta, é certo
porque ébria e fria, é a neve a cair no inverno.
Mas que importa: é Dezembro
e quem sabe, talvez
a ponta de uma estrela nos caia
bem no centro do peito
e seja ela a chama iluminada
que entre rochedos e musgos
rasgue a noite de novo
e nos leve a uma outra estrada
onde jamais se perca o sentido
do celeste azul que cobre toda a humanidade;
razão primeira de todos os presépios.
(Dezembro 2013)
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