domingo, 1 de dezembro de 2013

Dezembro

NASCEU DEZEMBRO

Nenhum céu nos basta, mas mesmo assim

Dezembro continua a nascer

agarrado ao coração por um ramo de azevinho.

Por todo o lado as palavras quentes rodopiam

e apesar do gelo

o mundo perde cantos e arestas

sem diferenças entre ruas e ruelas.

E vemo-lo a embrulhar-se em fitas coloridas

bolas doces e afectos;

tristezas que sorriem

ao ritmo intermitente da claridade nas janelas.

Nenhum céu nos basta, é certo

porque ébria e fria, é a neve a cair no inverno.

Mas que importa: é Dezembro

e quem sabe, talvez

a ponta de uma estrela nos caia

bem no centro do peito

e seja ela a chama iluminada

que entre rochedos e musgos

rasgue a noite de novo

e nos leve a uma outra estrada

onde jamais se perca o sentido

do celeste azul que cobre toda a humanidade;

razão primeira de todos os presépios.


(Dezembro 2013)


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