Apesar de serem digitais, as fotografias de promoção que tenho, tiradas pelo Nanã ao longo destes doze anos, nunca foram manipuladas para apagar rugas, poros, imperfeições. E assim é que deve ser. Discordo totalmente desta maldita moda, que já dura há décadas: mostrar mulheres irreais, criar gerações de raparigas e mulheres frustradas, que favorecem os lucros das empresas de cosmética. É preciso alertar a sociedade para esta praga, que chega a provocar mortes por anorexia. Tenhamos orgulho na história que os nossos corpos e rostos têm para contar. Não queremos manequins de plástico. Photoshop, sim, para favorecer a iluminação, resolver problemas de focagem, alterar um fundo ou cenário, porque não? Mas...mexer nas pessoas?! Não faz sentido. Apresento-vos os meus poros, com 34 anos, na época. E outra tirada 7 anos mais tarde: inclui ruga na testa. E vejam o video abaixo, que vale a pena.
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| Copyright Nanã Sousa Dias 2003 |
Poi é Vera, é um vídeo muito interessante, importante mesmo para todas as mulheres e homens verem. E é apenas a parte visível do iceberg.
ResponderEliminarO terrível problema da parte escondida, quiçá a mais perigosa, são os efeitos de carácter que esta máquina de diafanizar chamada Photoshop e de quem a opera, esperam conseguir para satisfazerem, não a busca de perfeição, mas a sua cupidez insaciável de dinheiro e promoção social. Fazem do pretenso belo a desgraça alheia e transformam essa desgraça na escada com que acedem às fogueiras de vaidade deste mundo inglório que, tal como no filme, é feio, porco e mau.
Com os meus 60 quase 61 anos de idade vou vendo o mundo de uma forma que considero mais justa, mais desapaixonada mas mais bonita até porque encaro a beleza dos homens e das mulheres de uma forma mais intensa e o curioso é que essa, diria, paixão, provoca nos meus olhos os efeitos do Photoshop mas de uma maneira inversa ou seja, longe de disfarçar rugas ou cicatrizes evidencia-as atribuindo-lhes a honrosa missão de mostrar ao mundo que se viveu, que se sofreu, que se foi feliz, que se amou, que se desamou enfim, que esse alguém foi capaz de desempenhar o seu papel de humano. Eis aqui a vitória do eternamente belo!
É na exibição das marcas do tempo, na cara, no corpo, nos olhos que deveríamos ser merecedores do reconhecimento e do respeito dos outros. Claro que o belo é sempre belo e a juventude é e será sempre bela mas indiscutivelmente tem o seu tempo e tal como o peixe, fora da sua água asfixia e morre. Será que a juventude não é importante? É evidente que é muito importante mesmo, ela faz parte integrante do nosso crescimento físico e mental e não tenhamos dúvida que destes dois, apenas o segundo é de crescimento contínuo, se valoriza, se embeleza e, quando bem alimentado se mantém eternamente jovem, ágil e são.
Amiga é neste eternamente jovem que eu jogo e todos os dias procuro que se junte à minha equipa gente bonita que por aí anda convencida que por terem rugas, artrites, olhos baços e cabelos brancos terminaram a sua função na Terra. Normalmente recomendo-lhes uma sessão de Photoshop à alma e convido-os para uma passagem de modelos onde se exibam as mentes brilhantes que cada um de nós tem mais escondida nuns que noutros. E olha Vera a surpresa tem sido enorme pois já apanhei um ou dois ‘Ronaldos’ e um par de Cláudias muito bem escondidos.
Um grande abraço para ti e continua com este blog que mantendo a qualidade e resistindo aos ataques epidérmicos de um facebook vaziozinho nos vai mantendo a vela do juízo crítico acesa.
Bem hajas!
PS: Para amenizar o discurso e dar-lhe um certo ar de graça, lembro a frase desse enorme poeta que foi Vinícius de Morais:
"Amigos sexo sem barriguinha não é sexo ..."
Mário! Já faziam falta estes teus longos e riquíssimos comentários! Bem hajas tu também por dizer tudo. Não poderia estar mais de acordo contigo e acho um encanto, essa proposta que fazes aos amigos quanto ao "Photoshop à alma" e afins. É isso mesmo. A juventude tem um tempo. Ele acaba, mas prolonga-se sempre dentro de nós, com outro rosto, outro corpo. O resto são artifícios que devemos utilizar com muita moderação e bom-senso. A bem da nossa sanidade mental, já que todos, em princípio, chegamos à inevitável velhice. Encontrar um ponto de equilíbrio, algo que nos dê um pouco de paz face ao passar do tempo que não é, nunca foi, um inimigo a combater.
ResponderEliminarUm grande abraço, querido amigo, muito agradeço as tuas palavras generosas. São muito bonitas, as pessoas que vêm aqui :-) Ah, e adorei o remate, com a citação do Vinicius :-)
As rugas são momentos da vida. Há pessoas que não aceitam isso. Gostei muito do seu texto e das belas fotografias.
ResponderEliminarÉ verdade, Graça. Muito obrigada, bem haja.
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