sábado, 20 de setembro de 2014

Azul-cobalto

© Nanã Sousa Dias
Azul-cobalto

Sobre a mesa o prato, o grão de pimenta
rosa, roçando a fibra
da toalha magenta;
A vidraça ampara a chuva escorrendo
e, no bordado de flores alfazema, acolho
a jarra de vinho - aconchego de um néctar 
de amoras a demorar-me na boca.

O céu saliva um doce lilás,
tecido em hortênsias das ilhas distantes:
é o mar, que me leva e enleva nas ondas de espuma
do sal de Setembro vestindo os rochedos.

Será fome? Será medo?
A dentada da chuva, lambendo a estação
como quem diz adeus.
nos olhos agarro o meu horizonte
de azul cobalto - mar alto no peito 
se bem que, a meu jeito,
sou a beira-mar.

© VERA DE VILHENA, poemas inéditos, Setembro 2014

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