polígrafo |
Mentira
Tantas camadas sobre cambadas
sobre camadas,
Que já não é possível ver a
matéria original;
Tantos sorrisos sobre risos sobre
sorrisos;
Que já não consigo chorar.
Tanta mentira sobremaneira sobre
mentira,
Que me tornei incapaz de dizer a
verdade;
Tanta pose sobre posse sobre pose,
Que é impossível gritar, Fui possuído!;
Tanto muro sobre esconjuro sobre
muro,
Que já não encontramos a raiz;
Tanto artifício sobre malefício
sobre artifício,
Que já não sentimos a nossa pele;
Tanto que fingimos que
conseguimos dizer,
Que é impossível a arte articular.
(© Vera de Vilhena, poemas inéditos)
Tantas palavra e tanto silêncio nas entrelinhas...
ResponderEliminarBeijo.
E só com a notificação deste teu comentário me apercebi de que tinha escrito e publicado o que foi, para mim, um desabafo. A escrita tem destas coisas. O pior já passou, ficam os versos. Obrigada, Graça, beijo
EliminarEsta mentira é muito verdade. Beijinhos Vera
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