sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Irra, até que enfim!

Abriu a página do facebook e libertou o desabafo:
«- IRRA, ATÉ QUE ENFIM! Mais não posso dizer, o decoro não mo permite.»
Logo os comentários choveram:
- Estavas a ver que não! :-)
- Não sei do que falas, mas até que enfim, estou feliz por ti!
Uma mais atrevida perguntou:
- Apareceu-te o periodo que já estava atrasado, foi? Já te estavas a imaginar de fraldas e biberons outra vez, ahahaha!
- Boa! Não há male que sempre dure!
(male????)
-  Fixe! Quem espera sempre alcança!
E mais uma série de provérbios que lhe diziam exactamente aquilo que pretendia ouvir. O facto de ninguém ter a mínima ideia daquilo a que ela se referia com o: Irra até que enfim, não tinha qualquer importância:
- Estou feliz por ti, amiga!
- Deviam-te dinheiro, queres ver? Ai, este país vai de mal a pior!
- Tavas a ver que não!
- Boa!
- Que alívio, hein?
- Vá, conta lá!
Não faziam ideia. É que não faziam a mínima.
O engraçado é que aquela cambada de gente ignorante, relativamente à sua situação, bem intencionada, é certo, lhe havia trazido um estranho consolo.
O facebook era aquilo. Também podia ser aquilo. A solidariedade virtual, de café de esquina, pronta a servir.

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