D. Ian Grave bateu à porta do coveiro. No corpo a morte caducava,
sem saber muito bem o que fazer à embalagem. Era uma morte ecologista, não
pretendia deixar o corpo assim, ao Deus dará. Egoísta, a alma elevava-se, já,
flutuando a conquistar o céu. Barry, o coveiro, abriu.
- Encontre-me sepultura, Ian rogou - estou aqui que não posso
e a morte a caducar-me.
- Lamento, mas não há lugar. Terá de se dirigir à sua última
morada.
Não seria aquela. Não naquele dia, pelo menos. Que pena,
pensou Ian Grave em voz alta, eu que já tinha escolhido a colina acolá, junto aos ciprestes azuis.
- Aah...mas são verdes.
- se o senhor diz... para mim são azuis.
Ian Grave nunca admitia que era daltónico, além de que achava a ideia de os ciprestes serem azuis muito mais bonita. Mas não teria ciprestes. Nem azuis nem verdes.
Lá foi viver mais um pouco, a fazer tempo. Era daqueles que
nunca encontrava o seu lugar neste mundo. Nem sequer no outro.
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